Mato Grosso lidera concentração de renda no Brasil. No topo da pirâmide econômica estão 2.947 mato-grossenses com os maiores ganhos financeiros entre os super-ricos do país. Esse contingente populacional representa 0,01% do total de habitantes que vivem no Estado com rendimentos médios mensais de R$ 605.466. No intervalo de 2017 a 2022, a taxa média nominal de expansão de renda do milésimo mais rico do Estado aumentou 184%, sendo recorde nacional. Descontada a inflação, a renda da elite mato-grossense subiu 117% neste período em que o Brasil foi governado pelos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Messias Bolsonaro (sem partido).
Estudo publicado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) no último dia 23 apontam privilégios tributários como causa da concentração de renda e desigualdade. Em 2017 havia 294 pessoas em Mato Grosso vivendo com o maior rendimento médio entre a população local, com ganho equivalente a R$ 2,7 milhões por mês.
Depois de Mato Grosso, as maiores taxas médias nominais de expansão na renda do 0,01% mais rico foram verificadas no Mato Grosso do Sul (161%), Amazonas (141%), Tocantins (134%) e Goiás (120%), evidenciando que a influência do agronegócio não é mera coincidência, segundo nota técnica do Ibre/FGV. (à) verificou-se no período analisado – 2017-2022 -um crescimento extraordinariamente alto da renda da atividade rural, principalmente nos estratos mais ricos, em que esse tipo de rendimento, isento de tributação na sua maior parte, cresceu acima de 220% ou 140% em termos reais, diz trecho do documento. Os estados em que os super-ricos tiveram pior desempenho foram no Rio de Janeiro (43%) e no Ceará (35%).
Os mais ricos, entre os declarantes, apresentaram uma renda média mensal que variou de R$ 282.089 no Ceará a 605.466 em Mato Grosso, que também está à frente do milésimo populacional mais rico de São Paulo, onde a renda média chega a R$ 582.572 por mês.
A renda dos mais ricos cresceu a ritmo chinês, 49% acima da inflação. Subiu mais nos estados em que a economia é atrelada ao agronegócio, reforça o economista Emanuel Daubian.
Para diminuir a desigualdade e aumentar a distribuição de renda uma das medidas necessárias é investir em educação, pesquisa e qualificação tecnológica, melhorando a capacidade e produtividade da mão de obra, defende o economista Vítor Galesso.