O Brasil cresceu em 2023, mas não cresceu igual. Enquanto Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram saltos de dois dígitos no Produto Interno Bruto (PIB), metade dos estados ficou abaixo da média nacional de 3,2%. Os novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram uma economia que avança, mas em ritmos muito diferentes.
Foi a primeira vez desde 2021 que todas as 27 unidades da federação tiveram desempenho positivo. Mesmo assim, o movimento não foi uniforme. Os maiores crescimentos ocorreram no Acre, em Mato Grosso do Sul, em Mato Grosso, no Tocantins e no Rio de Janeiro. Nos quatro primeiros, a agropecuária, especialmente o cultivo de soja, foi determinante para o avanço.
Em Mato Grosso, o resultado também foi impulsionado pela produção de etanol e alimentos, enquanto o Mato Grosso do Sul teve reforço da geração hidrelétrica. No Rio de Janeiro, a expansão veio das indústrias extrativas, com destaque para petróleo e gás.
O setor de serviços reforçou o desempenho desses estados, com impacto de áreas como administração pública, saúde, educação e comércio. Essa combinação ajudou a consolidar o forte avanço regional no Centro-Oeste e no Norte.
Entre os estados que cresceram menos que o país estão alguns dos mais importantes da economia brasileira. Pará, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rondônia registraram as menores altas de 2023. No caso paraense, a queda na agropecuária e na atividade de energia elétrica limitou o avanço.
Em São Paulo e no Rio Grande do Sul, a indústria de transformação recuou em segmentos como máquinas, equipamentos e refino de petróleo. Rondônia sofreu diretamente os efeitos da seca severa na região Norte, que reduziu a geração de energia.
Outros nove estados também ficaram abaixo da média nacional, como Amazonas, Amapá, Pernambuco, Bahia, Ceará, Paraíba e Santa Catarina. O comportamento reforça a forte heterogeneidade econômica que marca o país.
A nova fotografia do PIB revela mudanças no peso das regiões brasileiras. Entre 2022 e 2023, o Sudeste perdeu participação e passou a representar 53 por cento da economia nacional. O Norte e o Sul ampliaram ligeiramente suas fatias, enquanto Nordeste e Centro-Oeste mantiveram estabilidade.
A redução mais expressiva veio do Rio de Janeiro, impactado pela queda nos preços internacionais do petróleo. São Paulo, ao contrário, ganhou espaço com o avanço dos serviços financeiros e outras atividades.
O único estado que subiu de posição no ranking nacional foi o Amapá, que ultrapassou o Acre após registrar aumento na participação do PIB, favorecido pelo desempenho dos serviços públicos.
No recorte de longo prazo, o movimento estrutural é ainda mais nítido. Nas últimas duas décadas, o Centro-Oeste e o Norte foram as regiões que mais ampliaram participação no PIB brasileiro, enquanto o Sudeste perdeu relevância. Entre os estados, Mato Grosso aparece como o maior destaque, com crescimento médio de 5,2 por cento ao ano entre 2002 e 2023, mais que o dobro da média nacional.
Tocantins, Roraima, Acre e Mato Grosso do Sul também tiveram avanços robustos nesse período. Na outra ponta, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro registraram as menores taxas médias.
O PIB per capita brasileiro foi de 53.886 reais e 67 centavos em 2023. O Distrito Federal manteve a liderança nacional com 129.790 reais e 44 centavos, valor que corresponde a duas vezes e meia a média do país. Na sequência aparecem São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Mato Grosso e Tocantins foram os estados que mais subiram posições no ranking em 21 anos, ambos com salto de oito colocações. No Nordeste, o maior PIB per capita é o do Rio Grande do Norte, ainda bem abaixo da média nacional.

