O percentual ainda é menor do que a frequência constatada em áreas urbanas, onde de 74% casas tinham esse tipo de produto na despensa.
O primeiro grupo de alimento mais consumido, segundo a pesquisa foi:
- No campo – 95% alimentos in natura
- Na cidade – 81% alimentos processados
Alimentos processados são aqueles que passam por alguma mudança para durar mais. Por exemplo: o iogurte.
Já os ultraprocessados são feitos com muitos ingredientes artificiais, como conservantes e corantes. Por exemplo: salgadinhos de pacote.
A pesquisa
A equipe analisou dados de mais de 49 mil domicílios, englobados na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os cientistas registraram informações detalhadas sobre os produtos adquiridos por 7 dias consecutivos, com os locais de compra agrupados em categorias como supermercado, padaria, pequenos mercados, frutarias e produção em casa.
Em seguida, o estudo identificou os alimentos e bebidas de acordo com a classificação NOVA, que considera 4 níveis de processamento:
- alimentos in natura ou minimamente processados, que sofrem pouca ou nenhuma alteração após retirados da natureza;
- ingredientes culinários, como sal, óleos e açúcar;
- alimentos processados, que representam a junção dos alimentos in natura aos ingredientes culinários;
- alimentos ultraprocessados.
Nos centros urbanos, as compras de alimentos e bebidas são realizadas especialmente em supermercados (55%), padarias (46%) e pequenos mercados (43%). Já em áreas rurais, as aquisições são realizadas com maior frequência em pequenos mercados (53%), supermercados (32%), além do cultivo em casa.
Estamos indo pouco a feiras
O estudo aponta para uma menor proporção de compras em feiras e frutarias, locais em que predominam produtos frescos e in natura, em detrimento de grandes mercados — principal fonte de aquisição de alimentos ultraprocessados, cujo consumo em áreas rurais surpreendeu os cientistas.
“É crucial que as ações governamentais priorizem a tributação e regulamentação da publicidade e promoções relacionadas aos ultraprocessados, e favoreçam o acesso a alimentos in natura e minimamente processados”, aponta a pesquisadora Thais Meirelles de Vasconcelos, coautora do artigo.
Segundo a cientista, medidas como incentivo a pequenos produtores e à realização de feiras livres, especialmente junto à população mais vulnerável, podem ajudar a promover escolhas alimentares mais saudáveis.
“Sabe-se que o ambiente alimentar exerce influência sobre as escolhas dos indivíduos, com base na disponibilidade, acessibilidade, conveniência, qualidade e promoção de alimentos. Sendo assim, esses achados podem ser úteis à elaboração de estratégias e intervenções que favoreçam mudanças”, conclui Vasconcelos.