Minas é o estado com a maior produção de cachaça do país: esse título é sustentado não só pela qualidade da cachaça feita no estado, mas também por números.
Levantamentos de 2021 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mostram Minas tomando a dianteira nacional em relação aos estabelecimentos produtores de cachaça: são 353 estabelecimentos, o que representa mais de 37% da produção nacional. O segundo estado com maior número de cachaçarias é São Paulo, com 143 listados.
O impacto que a exportação de cachaça traz para a economia também é considerável: em 2022, Minas foi o terceiro estado com maior número de exportações – com um valor de mais de US$2 milhões, originados de 378 mil litros de bebida.
Salinas é o município com maior número de cachaçarias registradas, mas a popularidade da cachaça tem se expandido para além da região norte de Minas.
Produção de cachaça artesanal em Minas
A fabricação de cachaças em alambiques é um marco cultural e econômico para o estado. Além de ser o estado com maior número de alambiques do país, a produção dessa bebida seguindo esse modo específico de preparo é patrimônio cultural imaterial de Minas.
Embora a disparidade entre os números de produção de cachaça em MG seja considerável em relação ao restante do país, o número de produtores pode ser ainda maior. Dados do Instituto Brasileiro de Cachaça (IBRAC) mostram que a informalidade no setor – ou seja, produtores não cadastrados no MAPA – pode chegar a 89%.
As condições para produção da cachaça em Minas são favoráveis: a cana de açúcar que cresce no Norte de Minas encontra condições ideais de desenvolvimento, já que a cana precisa de luz, calor e água em abundância – traços característicos dessa região do estado.
Não por acaso, a região norte de Minas movimenta boa parte dos negócios da cachaça no estado. A cidade de Salinas, a capital nacional da cachaça artesanal, conta com 16 alambiques para a produção artesanal da cachaça.
Entenda a diferença entre cachaça artesanal e industrial
A maior diferença acontece na etapa de destilação: a cachaça artesanal é destilada em alambiques de cobre, e a industrial, em colunas de inox.
- A cachaça industrial normalmente tem aditivos para acelerar o processo de fermentação. As artesanais usam leveduras naturais ou selecionadas, que deixa o processo mais lento.
- A cachaça artesanal é produzida apenas uma vez no ano, nos meses mais secos. O dia 21 de maio é considerado Dia da Cachaça Mineira porque marca o início da safra de produção de cana de açúcar.
- A versão artesanal da cachaça é feita em alambiques de cobre, no qual existe uma separação entre a “cauda” e a “cabeça” da cachaça. Essa separação em frações influencia diretamente na qualidade da bebida, permitindo que apenas a melhor parte do que foi destilado seja aproveitado.
- O alambique de cobre também ajuda a deixar aroma e sabor da cachaça mais agradáveis. Quando envelhecem em barris de madeira, pegam as características de cada tipo e as incorporam ao seu sabor.
Cidades e cachaçarias por Minas Gerais
Conheça alguns municípios produtores de cachaça espalhados pelo estado.
Alambique em Coronel Xavier Chaves
É onde está o alambique mais antigo ainda em funcionamento. Outro grande atrativo é que o local é gerenciado pelos descendentes de Tiradentes, um dos grandes heróis da Inconfidência Mineira. O município está próximo de Tiradentes e São João del-Rei.
Degustação de cachaça disponível: sim.
Cachaça Mazuma Mineira – Bichinho
Embora o Norte de Minas tenha tradição na fabricação de cachaça, a parte mais ao sul do estado também celebra a tradição da cachaça.
A visitação inclui uma excursão por todas as etapas do processo produtivo: o canavial, produção da cachaça e armazenamento da bebida em tonéis. Os visitantes aprendem sobre o uso de diferentes tipos de madeira e o impacto na bebida.
Degustação de cachaça disponível: sim.
Museu da Cachaça – Salinas
Um verdadeiro centro de conhecimento para quem quer conhecer mais sobre o processo de produção da cachaça.
É um espaço totalmente dedicado a todas as etapas da fabricação da bebida que movimenta tão fortemente essa parte do estado.
Degustação de cachaça disponível: sim.
Rota da Cachaça – Brumadinho
Os visitantes podem escolher entre diferentes passeios disponíveis.
As opções incluem visita a fazendas de produção e envelhecimento de cachaça. Os visitantes aprendem sobre todos os processos envolvendo o preparo da cana-de-açúcar, alambicagem e, claro, também sobre degustação e harmonização de cachaças.
Degustação de cachaça disponível: sim.
Velha Aroeira – Porto Firme
Localizado na Zona da Mata, o negócio da cachaça movimenta mais do que somente a produção e comércio: o local recebe grupos fechados na sua pousada interna, onde podem não apenas ver de perto o processo de transformação da cana na cachaça, mas também degustar a bebida.
Circuito Turístico da Cachaça
Dar uma cachaça mineira de presente para alguém de fora do estado já é quase uma tradição. Mas o setor de turismo pode se beneficiar ainda mais do aproveitamento da bebida.
Em 2016, foi criado o Circuito Turístico da Cachaça. A ideia é que essa iniciativa ajude a profissionalizar ainda mais o setor de turismo da maior região produtora do estado, capacitando empresas e funcionários a receberem pessoas interessadas em aprender mais sobre a cachaça e sua importância para aspectos culturais-econômicos.
Esses seis municípios do norte de Minas concentram a produção de cerca de 70 rótulos de cachaça de alambique: Berizal, Fruta de Leite, Indaiabira, Rubelita, Salinas e Taiobeiras. Todas, é claro, com a produção artesanal, garantindo qualidade acima de quantidade.
Pelas ruas de BH, as bebidas artesanais que levam cachaça (e outras bebidas alcoólicas) têm mostrado cada vez mais criatividade – e atraído novos admiradores.