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Hepatites são silenciosas e podem levar ao câncer; veja sintomas e tratamento

O 28 de julho é marcado pelo Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. Com o mês todo dedicado à conscientização sobre o tema, levando o nome de “Julho Amarelo”, a campanha busca reforçar a importância de ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.

Em Cuiabá, o Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac) realizou, apenas no primeiro semestre de 2024, o acompanhamento de  498 casos de hepatites virais. O número diz respeito a apenas esta unidade de saúde especializada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT).

Em entrevista ao , o médico hepatologista Elton Hugo Maia Teixeira reforça a testagem como principal forma de prevenção às hepatites virais crônicas, além de explicar a diferença de cada um dos tipos da doença.

GD – O que são hepatites?

Hepatologista Elton Hugo Maia – Hepatites são infecções virais que afetam primariamente o figado. Elas podem ser infecções agudas ou crônicas e, dependendo do tipo de hepatite, têm importâncias variáveis, desde comorbidades, mortalidade, epidemiologia e consequências dessa doença.

GD – O que define uma hepatite como viral?

Hepatologista Elton Hugo Maia – A hepatite viral é causada por vírus. Existem hepatites causadas por substâncias químicas, hepatites tóxicas, hepatites autoimunes. Nós estamos no Julho Amarelo, onde vamos tratar das hepatites infecciosas a vírus.

GD – Quais as formas de contágio?

Hepatologista Elton Hugo Maia – Depende do tipo de hepatite. As hepatites virais estão classificadas em 6 grandes tipos principais, que sãos as hepatites de A a F, que são as hepatites A, B, C, D, E e F. Cada uma dessas hepatites tem um comportamento, porque são causadas por tipos diferentes de vírus, onde a epidemiologia e forma de contágio e o desfecho da doença varia muito.

As hepatites mais prevalentes, que inclusive é foco da campanha, são as hepatites ABC e D e são as mais prevalentes no Brasil. A hepatite E também é de certa forma importante, mas é menos prevalente.

A hepatite A é basicamente de contágio por alimento e água contaminados. Geralmente é aguda, autolimitada e se torna muito importante, porque em alguns pacientes com o sistema imunológico comprometido ela pode ter um curso fulminante. Geralmente é uma hepatite que evolui para a cura na maioria dos casos e sem nenhuma sequela.

A hepatite B tem uma importância muito grande porque existe uma prevalência elevada e é uma hepatite de transmissão basicamente sexual e por agulhas contaminadas. Ela tem uma importância porque pode ter um curso agudo, assintomático, evoluindo para uma doença mais grave. Pode simplesmente o paciente não ter nenhum tipo de manifestação e curar espontaneamente, pode evoluir para cirrose e até câncer de fígado. O diagnóstico faz com que a gente tenha a possibilidade de tratar antes que ela evolua de uma forma grave.

A hepatite C é transmitida também por sangue contaminado e foi muito importante, porque era transmitida nas transfusões sanguíneas até 1984, quando o vírus foi descoberto e colocado um programa de erradicação nas transfusões sanguíneas, embora ela tenha algum grau de transmissão sexual. Ela quase não tem doença aguda e geralmente evolui de uma forma crônica para cirrose e pode evoluir para câncer de fígado. Felizmente, de 2016 para cá os casos caíram bastante, porque houve uma campanha forte de diagnóstico e tratamento e as medicações hoje disponíveis apresentam melhoras, com menos efeitos colaterais e com uma resposta muito melhor.

A hepatite D é basicamente encontrada na Amazônia e o Brasil se torna importante pela grande parte do seu territória dentro da Amazônia, inclusive o norte de Mato Grosso. É uma hepatite viral por um vírus que só vai se reproduzir nos pacientes que tiverem o vírus da hepatite B e se torna um problema grave de saúde pública, porque a evolução dela costuma ser muito mais grave.

A hepatite E é muito parecida com a hepatite A, no sentido de transmissão por água e alimentos contaminados. Ela é bem menos prevalente, mas tem uma importância epidemiológica grande porque é muito comum em mulheres gestantes, então a importância dela não é pela incidência, mas pelo tipo de indivíduo que ela acomete.

A hepatite F é muito mais rara, muito comum na Ásia e África, aqui no Brasil não temos muita experiência com ela.

GD – Quais seriam os sintomas de cada tipo de hepatite?

Hepatologista Elton Hugo Maia – São dois tipos de sintomatologia. O paciente tem o sintoma da doença aguda, que na hepatite A é mais importante, na hepatite B também há fase aguda, na hepatite C é muito mais raro, a hepatite E também tem quadro agudo e são sintomas gerais como febre, náusea, vômito, dor abdominal, cansaço e coloração amarela dos olhos, que é um sinal que está tendo um acometimento do fígado na doença. E aí o que vai fazer diferença é saber a história epidemiológica desse paciente.

A hepatite A é mais prevalente em adolescentes, crianças e jovens adultos. Também precisamos pensar em pacientes que sejam imunocomprometidos, que fazem tratamento de câncer, etc.

A hepatite B pode acometer jovens adultos e adolescentes, sendo importante o histórico epidemiológico de uso de agulhas contaminadas, drogas ou sexo desprotegido.

Na hepatite C é raro o caso agudo e quando ela acontece é um quadro bem pontual, relacionado a um evento da transmissão por transfusão de sangue, mas hoje é raro, pois nossos bancos de sangue são todos rastreados.

Na hepatite E é aquela gestante com sintomas típicos e com icterícia (coloração amarelada da pele e olhos) você tem sempre que desconfiar da hepatite E.

GD – Uma vez diagnosticado, existe cura e tratamento?

Hepatologista Elton Hugo Maia – O tratamento de hepatite A e da hepatite E basicamente é um tratamento sintomático, você controla o sintoma, elas vão ter a evolução autolimitada delas e é só ficar atento, pois podem aparecer quadros graves e então precisa ser feita uma intervenção, mas não há uma medicação específica para elas.

A hepatite B, ela tem tratamento medicamentoso hoje em dia. Nem sempre o paciente tem o diagnóstico de hepatite B depois de um quadro agudo. Normalmente o paciente é surpreendido sendo portador do vírus em um exame de rotina. Os casos agudos são um percentual da apresentação da hepatite B. Ela pode se apresentar como caso agudo, como caso crônico, pode se apresentar um paciente com cirrose ou pode se apresentar em um paciente com doença avançada e com câncer de fígado. Depende muito de como é feito o diagnóstico.

Hoje o tratamento é feito em pacientes com hepatite crônica em atividade, em pacientes portadores do vírus, onde há uma replicação e uma carga viral elevada e existe medicamento para você controlar a replicação do vírus. O vírus ele não é eliminado do organismo, então sua replicação e agressão hepática é controlada e nesses pacientes que tem indicação de tratamento medicamentoso. São medicamentos onde você usa um ou dois, dependendo do grau de doença hepática, por dia, ao resto da vida, mas não são todos os casos elegíveis para tratamento com medicamento.

A hepatite C já é muito mais estudada no aspecto medicamentoso, porque nós conseguimos já ter medicação que curam a hepatite C. Então o paciente que se descobre portador de hepatite C, normalmente também descobre de uma forma fortuita, em um exame de rotina ou quando ele vai fazer uma doação de sangue. E aí esse paciente toma uma medicação e se ele tem doença hepática em algum grau, esse tempo de tratamento pode variar entre dois ou três meses, ou até seis meses, dependendo do caso. Então esse paciente pode ser tratado com medicamentos que vão erradicar o vírus no organismo, com uma taxa percentual de mais de 95 porcento hoje, com medicamentos atuais.

Dependendo do estágio da doença hepática, é um medicamento que ele toma um comprimido por dia ou no máximo dois, por um tempo limitado. Lembrando que o paciente que tem cirrose por hepatite, pode ser curado da hepatite, mas a cirrose já está instalada.

A hepatite Delta depende da hepatite B e também existem os casos agudos, com a existência de medicamentos, mas o problema não é nem o quadro agudo, é a gravidade do paciente que tem hepatite Delta.

A hepatite E é autolimitada, não tem medicação específica e depois de um tempo ela cura espontaneamente.

GD – Quais as formas de prevenção das hepatites virais?

Hepatologista Elton Hugo Maia – A melhor forma de prevenção das hepatites virais cronicas primeiro é a testagem. No caso das hepatites B e C, toda pessoa acima de quarenta anos de idade deve ser testada para hepatice C. Para hepatite B, dependendo da atividade sexual, também pode ser testado no jovem. Evitar o compartilhamento de agulhas, uso de drogas e fazer sempre sexo seguro.

Hoje para a hepatite B existe a vacina, que o Ministério da Saúde disponibiliza. Lembrando que se o paciente toma a vacina direitinho, ele tem uma imunidade definitiva, ele nunca mais vai pegar hepatite.

A hepatite A tem vacina também que já está no calendário vacinal das crianças e ela tem uma garantia de prevenção de pelo menos dez a quinze anos. Como é uma hepatite prevalente mais nas crianças, dificilmente ela se torna um problema na idade adulta, a não ser nos pacientes que tenham doença de imunossupressão, como tratamento de câncer etc, onde esses pacientes devem ser testados para ver se tem anticorpos ou não para hepatite A.

A hepatite A ela tem uma importância, principalmente como aconteceu agora no Rio Grande do Sul, nessa época de alagamento, por conta de água e alimentos contaminados por fezes de pacientes que tenham o vírus da hepatite. Então é um cuidado que se tem em lavar bem os alimentos e beber principalmente água filtrada ou fervida. É uma hepatite de prevalência principalmente em micro epidemias em escolas, em unidades onde há restrição de pessoas, como presídios ou asilos.

A hepatite E tem uma incidência mais isolada, mas a prevenção é da mesma forma, no cuidado com ingestão de água e alimentos contaminados.

A hepatite Delta basicamente você prevenindo a hepatite B, você previne a hepatite Delta, pois ela não existe fora do contexto da hepatite B.

Na hepatite C existe uma preocupação grande no compartilhamento de alicate ou objetos de manicure não esterilizados e de instrumental dentário também não esterilizado, então sempre que for fazer as unhas ou ir ao dentista, ter certeza que está sendo esterilizado esse material. E obviamente evitando agulha contaminada e relação sexual desprotegida, pois não existe vacina para hepatite C atualmente.

Basicamente as hepatites crônicas tem a característica de serem completamente silenciosas, A hepatite B crônica e a hepatice C crônica são silenciosas e quando se manifestam, já é por complicações da doença, quer seja cirrose avançada ou até o câncer de fígado.

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