Na Grécia Antiga, quando alguém precisava de orientação, geralmente recorria às previsões proferidas por Pítia, a sacerdotisa do Oráculo de Delfos. Localizado dentro do templo dedicado a Apolo, o oráculo tornou a cidade de Delfos uma das mais importantes do mundo grego. Reis, nobres, militares e fazendeiros iam até o local para receber conselhos divinos quando precisavam tomar decisões importantes.
Ilustração da cidade de Delfos em seu auge. (Fonte: Wikimedia Commons)
De acordo com o historiador grego Plutarco, que foi sacerdote do templo, os poderes proféticos das Pítias derivavam da inalação dos vapores que subiam de falhas geológicas da região. Porém, em 1927, cientistas franceses estudaram o local e não encontraram evidências dessas fendas. Assim, eles descartaram a hipótese.
Além disso, na época, os cientistas acreditavam que vapores e gases só eram produzidos por atividade vulcânica, e como não há vulcões na região de Delfos, a conclusão foi de que Plutarco estava enganado. Mas pesquisas recentes mostram o oposto.
Geografia grega contribuiu para a existência dos gases
Pintura Sacerdotisa de Delfos (1891), de John Collier, representa Pítia aspirando os gases antes de fazer suas previsões. (Fonte: Wikimedia Commons)
Ainda de acordo com Boer, os gases presentes na região são compostos por etileno, um gás com cheiro adocicado e efeito narcótico. Para a professora da Universidade George Washington, Diane Harris-Cline, a inalação desse gás, combinada com as expectativas da sociedade e o treinamento que as Pítias recebiam, certamente as fazia proferir as previsões.
Quando o cristianismo começou a ser a religião dominante, o Oráculo de Delfos viu o seu poder ruir. Além disso, segundo Boer, é provável que nesse mesmo período tenham ocorrido menos terremotos, fazendo com que as falhas geológicas gregas produzissem menos gases e, por consequência, o estado de transe das Pítias já não fosse mais possível.