As investigações realizadas pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso no âmbito da Operação Efialtes, deflagrada na manhã desta quarta-feira (07), mostraram que policiais trocavam cocaína por gesso em pó desde 2015.
A droga era armazenada dentro de uma sala da Delegacia Especializada da Fronteira (Defron), em Cáceres (225 km de Cuiabá). Foi apurado que cerca de 1 tonelada de cocaína foi furtada e substituída por gesso em pó, areia, isopor e até mesmo tijolo, simulando o material apreendido.
“Atuam desde 2015. Não é exato, é o que estamos apurando. Obviamente, com outras medidas, pode ser que o prazo, que o ano, seja pretérito a esse ano de 2015”, afirmou o delegado-corregedor Rodrigo Azem durante coletiva de imprensa.
Ainda na coletiva, também foi revelado que uma faxineira da Central de Flagrantes (Cisc) de Cáceres foi presa por participação no grupo criminoso. Além dela, um suplente de vereador, que é policial civil, também foi alvo da operação. Ele está foragido.
Investigações
O crime foi descoberto durante uma incineração, no dia 19 de abril, quando policiais constataram que lacres estavam violados. A partir de então um inquérito foi instaurado.
A equipe da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) foi acionada e fez a análise de todo material e no laudo foi apontado que a droga apreendida, lacrada e armazenada na Defron havia sido substituída pelos tabletes de isopor, gesso e areia.
Os investigados não apenas fizeram a substituição da droga, mas utilizaram embalagem idêntica à da droga apreendida com o claro objetivo de confundir. Por exemplo, se a droga acondicionada tinha sido embalada com material de cor amarela, o tablete usado para substituí-la também era feito da mesma forma. A justiça determinou bloqueio de R$ 25 milhões em contas suspeitas.
Toda droga era levada para diversos estados. O levantamento apurou que os entorpecentes foram enviados para Uberlândia (MG), na conhecida como ‘rota caipira’ e para o Nordeste (Maranhão e Piauí), sendo utilizadas empresas para lavar o dinheiro nos estados de Tocantins (Palmas/Nova Rosalândia) e de Mato Grosso (Mirassol d’Oeste e Cáceres).
Envolvidos
Com análise dos fatos, foram identificados três grupos envolvidos no esquema: o primeiro dos policiais e de seus auxiliares, para a substituição e furto das drogas apreendidas.
O segundo grupo era dos traficantes, compradores e responsáveis pelos transportes do entorpecente. E por fim, a dos responsáveis pela lavagem de dinheiro, seja pelas empresas ou por laranjas.