Porto Velho, RO – A primeira semana de governo Lula foi marcada por uma crise provocada pela revelação de que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, é ligada a uma tradicional milícia que controla a cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. Ao longo da semana, ganhou novos capítulos — e só piorou.
Daniela virou alvo de pressão depois da publicação de uma foto em que aparece ao lado do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, apontado como chefe da milícia acusada de vários assassinatos em Belford Roxo. Jura está preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói (RJ), condenado a 26 anos de prisão por homicídio e associação criminosa.
Ele atuou diretamente na campanha da ministra em 2018, quando ela concorreu a uma vaga na Câmara de Deputados, pelo MDB. No ano passado, como estava na prisão, ele atuou por meio da mulher, Giane Prudêncio. Daniela do Waguinho foi a deputada federal mais votada no Estado.
Ao apontar um, chegou-se a um exército de milicianos ligados a ministra. Oeste descobriu que o grupo é formado por cerca de 50 homens, entre militares e civis, que andam armados, e domina a cidade.
Com a prisão de Jura, quem assumiu a milícia foi o PM Fábio Sperendio de Oliveira. Até dezembro, ele era nomeado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabiente do deputado Marcelo Canella (União Brasil), mas trabalhava fazendo a segurança da ministra e do marido dela, o prefeito da Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, conhecido por Waguinho (União Brasil).
Belford Roxo é uma cidade há 158 quilômetros da capital, com 513 mil habitantes. A Câmara tem 25 vereadores, e um único parlamentar de oposição, Daniel Silva de Lima, Danielzinho, que chegou a perder o mandato, depois de apontar irregularidades no governo de Waguinho. Em 2021, Danielzinho denunciou que respiradores doados no auge da pandemia pelo governo do Rio para o Hospital Municipal de Belford Roxo foram parar em uma unidade particular do município.
A prefeitura negou a situação. Depois de onze meses, o vereador voltou ao cargo por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) que julgou improcedente a medida liminar da Câmara que afastou Danielzinho.
Danielzinho, que concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa, também foi alvo durante a campanha passada. Numa caminhada com apoiadores, foi agredido por seguranças de Waguinho. Ele registrou boletim de ocorrência na delegacia e na Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro, já que entre eles, estavam policiais.
“Quem é contra o prefeito é perseguido, seja político, empresário ou população. Ele usa a máquina pública para prejudicar quem não concorda com ele”, declara Danielzinho.