A constatação é de uma pesquisa publicada no British Medical Journal que também estima que meninas são mais afetadas por essa condição oftalmológica do que meninos.
A projeção de que teremos mais crianças míopes num futuro próximo foi feita analisando dados do passado. Os pesquisadores avaliaram 276 estudos que reuniam informações sobre mais de 1,9 milhões de casos de miopia registrados em 50 países.
A revisão científica apontou que a porcentagem de crianças e adolescentes míopes progrediu da seguinte forma entre 1990 e 2023:
- entre 1990 e 2000: eram cerca de 24%
- entre 2001 e 2010: eram cerca de 25%
- entre 2011 e 2019: eram cerca de 30%
- entre 2020 e 2023: passaram a ser cerca de 36%
Por que temos mais crianças míopes?
A explicação, ainda de acordo com o estudo, pode estar na mudança de hábitos da sociedade.
Para entender, primeiro é preciso saber que os estudos sugerem que passar muito tempo com os olhos focados em objetos próximos pode prejudicar a capacidade de fazer foco em objetos distantes.
Depois, é preciso saber que a miopia se desenvolve ainda na primeira infância (que termina aos 6 anos de idade) e progride conforme a idade da pessoa avança.
É por isso que, na avaliação dos pesquisadores, hábitos como iniciar os estudos cada vez mais cedo, por exemplo, pode ter contribuído para esse crescimento no percentual de crianças e adolescentes míopes.
Também seria esse o motivo de meninas sofrem mais com a condição, já que, na maioria das culturas, elas praticam menos atividades ao ar livre, ou seja, passam mais tempo vendo objetos próximos e não distantes.
A pesquisa não é taxativa quanto às razões, mas alguns dados fortalecem esse entendimento. Um deles é que há mais casos de miopia entre crianças que vivem no Leste da Ásia (onde a educação formal começa cedo) do que na África (onde a educação formal começa mais tarde).
