Mato Grosso tem um total de 285 estudantes com habilidades especiais/superdotação identificados nas redes pública e privada de educação, conforme dados da pesquisa do Censo Escolar de 2023, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No Estado, o Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S-MT), ligado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), atende esses estudantes para estimulá-los ao desenvolvimento das áreas de conhecimento em que se destacam. Mesmo diante de quase 300 indivíduos em idade escolar, o processo de identificação de crianças/pessoas com habilidades especiais/superdotação ainda é envolto de muitos desafios.
Do total de 285 estudantes com habilidades especiais do Estado, 105 estão matriculados na rede pública estadual de educação. Segundo o Ministério da Educação, em todo o país, a estimativa é que cerca de 2,3 milhões de estudantes devam compor esse grupo de estudantes com habilidades especiais/superdotação. Contudo, o número pode ser maior.
“O principal desafio para a área na educação especial é identificar precocemente esses estudantes e oferecer atendimento adequado”, afirmou a professora do NAAH/S, Criseida de Lima.
IDENTIFICAÇÃO
A reportagem do HNT conversou com professoras do núcleo pedagógico que trabalham na estimulação dos estudantes com habilidades especiais. Elas destacaram que é preciso que a pessoa tenha destaque em todas as áreas do conhecimento. Em apenas uma área, como, por exemplo, ser bom apenas em matemática, conseguir fazer cálculos de números grandes de forma rápida e imediata, já pode ser considerada uma habilidade especial que pode ser estimulada.
“São crianças que, diante do seu espaço, apresentam desenvolvimento cognitivo acima dos seus pais. Apresentam habilidades que estão acima daquelas crianças que estão na mesma faixa etária”, explicou outra professora do NAAH/S, Glaucilene Pereira.
A falta de conhecimento de pais, responsáveis ou professores para saber que “ser bom” em áreas específicas de conhecimento já pode ser considerada uma habilidade dificulta a identificação e impede que o número de pessoas estimuladas seja maior, um dos desafios do processo de identificação.
“Não é todas as matérias. Pode ser que seja de todas as disciplinas escolares. Temos alunos que têm desenvolvimento acadêmico em todas as áreas, mas alguns que têm dificuldades outras”, explicou Criseida de Lima.
ATENDIMENTOS
Os atendimentos aos estudantes identificados com habilidades especiais/superdotação são divididos em atendimento ao aluno, ao professor e à família.
No que diz respeito ao atendimento ao aluno, é prestado acompanhamento pedagógico suplementar para que os estudantes explorem áreas de interesse, aprofundem conhecimentos já adquiridos e desenvolvam habilidades relacionadas à criatividade, à resolução de problemas e ao raciocínio lógico, linguístico, dentre outros. Além de contribuir com a identificação dos indicadores de altas habilidades/superdotação.
O atendimento ao professor é realizado com orientações e formações para contribuir com o processo de identificação, atendimento pedagógico e enriquecimento curricular dos estudantes.
PESSOA COM HABILIDADE ESPECIAL
Morador de Sinop (480 km de Cuiabá), Cicero Moraes, de 41 anos, tem habilidades especiais. Para reportagem, ele contou que nunca pensava que tivesse habilidades especiais, mas teve a comprovação por meio de atestado médico, que também é uma maneira de identificação.
Reprodução
Cícero é designer especializado em reconstrução facial forense e, em 2023, participou da reconstrução em formato 3D do crânio de Zlatý kůň, mulher de 45 mil anos que viveu na República Tcheca, no continente europeu. O trabalho contou com parceria do pesquisador tcheco Jiri Sindelar. Ele tem Quociente de inteligência (QI) avaliado em 99-99.7%.
“Descobrir-me uma pessoa com altas habilidades/superdotação me ajudou muito, tanto na questão de aprender a lidar com o turbilhão de sentimentos e informações que pululam na mente, como explorar de modo positivo algumas características, como a disciplina, ao entrar em um projeto e o grande apreço pelo conhecimento e pela produção de obras”.
Em 2021, Cícero obteve o reconhecimento do Guinness World Records pelo primeiro casco de tartaruga impresso em 3D no mundo.
