Ao concluir o anúncio dos ministros que tomarão posse no próximo domingo (1º), o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se posicionou para bater um recorde: o maior número de mulheres em ministérios da história do país.
Serão 11 ministras, já no primeiro dia de governo:
- Simone Tebet, ministra do Planejamento e Orçamento;
- Marina Silva, ministra do Meio Ambiente;
- Ana Moser, ministra do Esporte;
- Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas;
- Daniela do Waguinho, ministra do Turismo;
- Margareth Menezes, ministra da Cultura;
- Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial;
- Nísia Trindade, ministra da Saúde;
- Cida Gonçalves, ministra das Mulheres;
- Esther Dweck, ministra da Gestão;
- Luciana Santos, ministra de Ciência e Tecnologia.
As ministras de Lula
Serão 11 mulheres no comando das pastas, número recorde
Dessas, apenas Marina Silva já tinha comandado um ministério – a mesma pasta, de Meio Ambiente, de 2003 a 2008.
“Eu estou feliz porque, nunca antes na história do Brasil, teve tantas mulheres ministras. Nunca antes. E estou feliz porque nunca antes na história do Brasil, tivemos uma indígena ministra dos Povos Indígenas”, disse Lula ao completar os anúncios de ministros nesta quinta.
Até agora, a marca pertencia ao primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT, 2011-2014). A gestão Dilma começou com nove ministras e, seis meses depois, chegou a ter dez mulheres simultaneamente nos cargos (veja detalhes abaixo).
Lula também empossou dez ministras – mas entre 2003 e 2010, ao longo de dois mandatos.
O presidente eleito também anunciou nesta quinta que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal serão presididos por mulheres. Os nomes das presidentes não foram anunciados.
Desde a redemocratização, em 1985, 38 mulheres foram nomeadas ministras de Estado ou secretárias com status de ministras.
Confira, abaixo, as mulheres que já chefiaram ministérios (ou secretarias e órgãos com status ministerial) desde a redemocratização. Os dados compõem os arquivos da Biblioteca da Presidência da República e não levam em conta ministras interinas.
Governo Sarney (1985-1990): cinco anos, uma ministra
O governo teve 34 ministérios e órgãos vinculados à Presidência. Ao longo de cinco anos, 79 titulares passaram pelos cargos (alguns, por mais de uma pasta).
Desses, apenas uma era mulher. A economista Dorothea Werneck foi ministra do Trabalho por pouco mais de um ano, entre janeiro de 1989 e o fim do governo, em março de 1990.
Governo Collor (1991-1992): dois anos, duas ministras
O governo de Fernando Collor de Mello durou menos de dois anos, interrompido por um impeachment no fim de 1992. Teve uma Esplanada enxuta, com 17 ministérios e três secretarias de status ministerial. Ao todo, 23 pessoas se revezaram nos cargos titulares.
Em dois anos, duas mulheres foram ministras. A economista Zélia Cardoso de Melo foi ministra de Economia, Fazenda e Planejamento, e a assistente social Margarida Coimbra comandou o Ministério da Ação Social.
Governo Itamar Franco (1992-1994): dois anos, duas ministras
Vice de Collor e presidente após o impeachment, Itamar Franco manteve uma estrutura ministerial parecida com a de seu antecessor.
Entre ministérios, secretarias e órgãos ligados à presidência, havia 23 postos com status de ministro para serem ocupados. A alta rotatividade, no entanto, fez com que 59 pessoas passassem pelos cargos em dois anos.
Desses nomes, apenas dois foram de mulheres. Yeda Crusius foi ministra do Planejamento entre janeiro e maio de 1993, e Margarida Coimbra do Nascimento, ministra dos Transportes entre dezembro de 1993 e março de 1994. Elas não foram ministras ao mesmo tempo.
Governo FHC (1994-2002): oito anos, duas ministras
No primeiro mandato, entre 1994 e 1998, FHC teve 58 ministros em 31 ministérios, secretarias e órgãos ligados à Presidência. Apenas Dorothea Werneck, que já tinha sido ministra de Sarney, ocupou um desses cargos: foi ministra de Desenvolvimento, Indústria e Turismo.
No segundo mandato, os números foram parecidos. Eram 28 órgãos, pelos quais passaram 63 titulares. Novamente, apenas uma mulher: a socióloga Mary Dayse Kinzo foi ministra da Integração Nacional por meros três dois meses, de abril a junho de 2002.
Governo Lula (2003-2010): oito anos, dez ministras
O primeiro governo Lula começou, em janeiro de 2003, com cinco ministras:
- Marina Silva (Meio Ambiente);
- Benedita da Silva (Assistência e Promoção Social);
- Dilma Rousseff (Minas e Energia);
- Matilde Ribeiro (Secretaria de Igualdade Racial);
- Emília Fernandes (Secretaria de Políticas para Mulheres).
Marina, Benedita e Matilde ficaram no cargo por quatro anos, enquanto Dilma deixou a pasta de Minas e Energia para assumir a Casa Civil. Emília foi substituída em 2004 por Nilcea Freire, a sexta mulher a ocupar ministérios durante o primeiro mandato de Lula.
Entre 2007 e 2010, após ser reeleito, a lista variou pouco. Matilde Ribeiro, Nilcea Freire, Marina Silva e Dilma Rousseff mantiveram seus postos durante parte do segundo governo Lula.
Somaram-se à lista Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Marta Suplicy (Turismo), Erenice Guerra (Casa Civil) e Márcia Lopes (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Ao todo, foram 71 ministros no primeiro mandato para 37 pastas, secretarias e órgãos com status ministerial. No segundo mandato, foram 73 ministros (incluindo os que foram mantidos do mandato anterior) em 37 postos federais.
Governo Dilma (2011-2016): seis anos, 14 ministras
Primeira mulher a comandar o Brasil, Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República em 2011 já batendo um recorde. A composição inicial da Esplanada dos Ministérios de Dilma trazia nove mulheres:
- Ana de Holanda (Cultura);
- Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome);
- Izabella Teixeira (Meio Ambiente);
- Ideli Salvatti (Pesca e Aquicultura);
- Miriam Belchior (Planejamento, Orçamento e Gestão);
- Helena Chagas (Comunicação Social);
- Maria do Rosário (Direitos Humanos);
- Luiza Bairros (Igualdade Racial);
- Iriny Lopes (Políticas para Mulheres).
Ainda ao longo do primeiro mandato, somaram-se à lista Marta Suplicy (Cultura), Eleonora Menicucci (Políticas para as Mulheres) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Quando Gleisi assumiu o cargo, em junho de 2011, o primeiro governo Dilma chegou a ter dez ministras simultaneamente.
O segundo governo Dilma teve uma Esplanada dos Ministérios menos diversa – resultado direto das dificuldades para compor uma base de apoio para o governo, e do espaço maior cedido a partidos de centro.
Nos quase dois anos que antecederam o impeachment, o governo manteve por algum tempo as ministras Tereza Campello, Nilma Gomes, Ideli Salvatti e Eleonora Menicucci. De novidade, apenas Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Inês Magalhães (Cidades, por dois meses).
Governo Temer (2016-2018): dois anos, três ministras
Empossado no cargo após o impeachment de Dilma Rousseff, Michel Temer tinha apenas duas ministras entre seus 31 ministros e secretários iniciais: Fátima Pelaes (Políticas para Mulheres) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).
Em dois anos, foram 59 ministros e secretários. Apenas uma outra mulher foi nomeada: Grace Mendonça, que assumiu a Advocacia-Geral da União (AGU) entre 2016 e 2018.
Governo Bolsonaro (2019-2022): quatro anos, quatro ministras
Com uma Esplanada dos Ministérios mais enxuta em relação às gestões anteriores, o presidente Jair Bolsonaro enxugou também o número de ministras. Foram apenas quatro nos quatro anos de mandato.
Na foto da posse presidencial, havia duas: Damares Alves (Direitos Humanos) e Tereza Cristina (Agricultura). Ambas permaneceram nos cargos até março de 2022, quando saíram para disputar as eleições.
Damares foi substituída por outra mulher, Cristiane Brito. Além delas, apenas a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, compõe a lista.