No último dia 20, o Regimento de Policiamento Montado da Polícia Militar de Mato Grosso (Cavalaria) celebrou 13 anos de fundação, em 2011. Mas se engana quem pensa que o trabalho realizado pela Cavalaria se restringe ao policiamento ostensivo. Sua atuação vai além do policiamento nas ruas, como esclareceu o tenente-coronel Walmir Rocha, comandante do destacamento, em entrevista ao site. A Cavalaria realiza diversos trabalhos sociais, incluindo ecoterapia para pessoas com deficiência atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é considerado um ‘mundo de oportunidades’ por quem dela faz parte.
A Cavalaria, que foi criada a partir do pedido da Federação Internacional de Futebol (Fifa) de policiamento de Cavalaria nos jogos da Copa do Mundo, conta com cerca de 85 policiais especializados que utilizam o cavalo para o policiamento ostensivo montado nas cidades de Cuiabá e Nova Mutum (242 km de Cuiabá), além de atender mais 1,6 mil pessoas em projetos sociais em Mato Grosso.
Rocha destacou a emocionante visita ao Hospital de Câncer de Mato Grosso, onde levaram cavalos para interagir com os pacientes em tratamento. Ele enfatizou a importância dessas atividades para o bem-estar e autoestima dos pacientes.
“Eu, pessoalmente, nas primeiras visitas, eu via a emoção das pessoas, sentia isso, era emocionante. Mas eu não entendia por que era desse jeito, tão emocionante, porque era tão valorizado aquilo e aconteceu de eu ter meu filho internado também. Ele ficou 11 dias internados, meu bebê de dois anos, e tinha que manter ele numa cama, ele queria sair e tudo. E, com o passar dos dias, fui vendo como era bom ter uma coisa diferente para fazer naquele momento. […] Os pacientes sobem, montam em cima deles, tiram foto, faz carinho e alimentam os animais. E, ali, nessa experiência minha, eu fui ver como é importante até para o tratamento, para o bem-estar, para a moral, para a autoestima do paciente”, explicou o tenente-coronel.
Atualmente, a Cavalaria atende pacientes do Centro de Reabilitação Integral Dom Aquino Corrêa (Cridac), do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e os idosos do Centro de Atenção. Além de uma fila de espera própria para atender a comunidade, Rocha enfatizou que estão com uma fila de espera significativa para os próximos dois anos.
Segundo o militar, os cavalos são selecionados conforme as funções que serão empregados na Cavalaria.
“Cada cavalo realmente tem sua particularidade, sua personalidade, inclusive, física e temperamental, comportamental. Alguns cavalos são bem empregados no policiamento e às vezes não é o mesmo cavalo bem empregado na ecoterapia, que precisa ter uma sensibilidade diferente, que não é o mesmo cavalo empregado na escola de equitação. Então, eles têm suas particularidades”, explicou o tenente-coronel.
De acordo com Rocha, os cavalos passam por um treinamento para se adaptarem ao ambiente urbano, estando aptos para o trabalho.
REPRODUÇÃO
Hoje, a Cavalaria também trabalha com inseminações em cavalos que ficam em uma coudelaria, como são chamadas as fazendas utilizadas pela Segurança Pública, fazenda do regimento, que fica em Livramento (38 km de Cuiabá).
“Nós conseguimos como doação do Exército Brasileiro um garanhão e um tambor cheio de material genético dos melhores cavalos do mundo. Doaram cinco matrizes registradas também pela Associação Brasileira do Cavalo do Pism, matrizes puro-sangue, que dessa resolução já fizemos e realizamos várias inseminações, várias transferências de embrião. Então, muita tecnologia envolvida já nesse nosso processo de reprodução. E também começamos a realizar a reprodução dos animais, buscando a sustentabilidade, reduzir os custos da remonta, das aquisições e garantir bem-estar também para os animais”, relatou o militar.
Durante a entrevista, apaixonado por cavalos e sua profissão, o tenente-coronel Rocha descreveu a Cavalaria como um ‘mundo’, um lugar com uma infinidade de oportunidades. “Enfim, aqui é um mundo, aqui é um mundo que engrandece a nossa alma e nos faz nos orgulhar do trabalho realizado aqui”, finalizou orgulhoso.
