Quebra acentuada na safra, demanda reprimida em infraestrutura e ausência de modais competitivos. Clima adverso entre governo e o principal segmento da economia nacional e desconfiança de investidores privados para com o governo federal.
Este é um conjunto de fatores indicando que 2024 será um ano difícil. Pois, o cancelamento da Exposerra é o primeiro sinal, na esfera regional, de que haverá recessão ano que vem. Ou seja, se haverá retração econômica, faltará patrocinadores e investidores para a feira.
Para o economista e professor da Unemat em Tangará da Serra, Sílvio Tupinambá Fernandes de Sá, a recessão já bate à porta na região, no estado e no país. “A economia não aceita desaforo”, observa o economista.

Sílvio Tupinambá: “Recessão em 2024 e ‘venezuelização’ da economia”.
Tupinambá aponta como fator primordial a quebra significativa da safra de soja (em várias regiões do estado, a principal commodity chegou a apenas 10% da produtividade prevista) com os efeitos do fenômeno El Niño, que entre setembro e a primeira metade de dezembro concentrou as chuvas no Sul do Brasil, enquanto o Centro Oeste e o Norte receberam o flagelo de uma estiagem severa e potencializada com ondas de calor.
Crise anunciada
Segundo o presidente do Sindicato Rural de Tangará da Serra, Romeu Ciochetta, a suspensão da Exposerra em 2024 foi uma decisão lógica diante de um cenário de crise. “Já é um sinal do próprio setor (agro), com os preços das commodities bastante achatados”, disse, citando o milho, com a atual cotação de R$ 38,00 (ante uma projeção mínima de R$ 70,00), e a soja com uma cotação de R$ 119,00 contra uma projeção mínima de R$ 160,00.

Romeu Chiochetta: Suspensão da Exposerra em 2024 foi uma decisão lógica diante de um cenário de crise.
Ciochetta observa que outro exemplo está na pecuária, que ano passado fechou no vermelho. “Esse ano o que temos é um ‘zero a zero’ na pecuária e não há sinais de recuperação para o ano que vem… vamos para o terceiro ano amargando perdas nesse setor”, afirmou.