Entre os fatores de risco para o consumo precoce de álcool, o estudo também destaca:
- comportamentos de bullying;
- tabagismo no ambiente escolar;
- não ter religião;
- ter pais ou responsáveis que bebem.
Para chegar a esses resultados, os pesquisadores analisaram o comportamento de 528 estudantes adolescentes do 1º ano do ensino médio de 12 escolas públicas, adeptas do tempo integral, da capital cearense.
Os estudantes, com idade entre 13 a 19 anos, responderam a 6 questionários, com perguntas sobre seu padrão de consumo de álcool.
Cerca de 37% dos estudantes confirmaram a prática de consumo precoce de álcool e 71% afirmaram que fazem uso de bebidas alcoólicas pelo menos uma vez por mês.
Álcool e bullying
A associação de álcool e bullying, tema inicial da pesquisa, é alvo de alerta de autoridades em saúde e educação.
Segundo levantamentos nacionais, a prevalência de adolescentes que consomem álcool varia de 20% a 26%. Além disso, essas pesquisas também destacam o uso cada vez mais precoce, com início a partir dos 12 anos.
A prática do bullying também tem se tornado comum no ambiente escolar. Quatro em cada 10 estudantes brasileiros já vivenciaram a intimidação sistemática com uso de violência física, verbal ou psicológica, segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2021.
O trabalho se destaca por incluir variáveis individuais, psicológicas e sociais no modelo explicativo sobre álcool e bullying, segundo destaca a autora principal do estudo Dayse Alves, que é professora do curso de Medicina da Uece. Entram neste modelo o comportamento dos pais e responsáveis e comportamentos na escola e entre colegas.
Religião
Os resultados mostram que ter uma religião protege os adolescentes da exposição precoce a bebidas alcóolicas – relação já corroborada por outras pesquisas. Isso se explica pelo fato de a religião ajudar os jovens a lidar com as questões éticas e existenciais, além de impor preceitos comportamentais, segundo os especialistas.
“É importante destacar que outros contextos de suporte social e maior supervisão podem ajudar os adolescentes a fazerem um consumo menos nocivo do álcool, além da religião”, avalia Alves.
Para a pesquisadora, a identificação de fatores de risco permite mapear caminhos para a prevenção ao consumo precoce e abuso de álcool na adolescência – com ênfase, por exemplo, no desenvolvimento de resiliência emocional.
“Tomar iniciativa social e ter entusiasmo são cruciais para se desenvolver relações saudáveis. No entanto, se um/uma adolescente possui alto engajamento social, mas baixa resiliência emocional, ele/ela pode acabar utilizando o álcool como forma de enfrentar problemas emocionais e psicológicos, além de que pode se tornar mais vulnerável à influência dos pares’’, alerta.
(Da Agência Bori)