A Finlândia será a primeira nação a implantar uma espécie de “caverna perpétua” destinada a estocar combustível nuclear já utilizado, com previsão de resistir nada menos que 100 mil anos.
Segundo a emissora americana CNBC, o projeto inédito, desenvolvido pela companhia Posiva, é apontado como um marco para o uso sustentável da energia nuclear e até mesmo como referência para outros países.
A construção do começaram em junho de 2004 e o local está localizado em Olkiluoto, Eurajoki / Posiva/Divulgação
A Posiva desenvolveu o Onkalo em parceria com especialistas e por meio de pesquisas multidisciplinares, com foco exclusivo na segurança do descarte final, atraindo o interesse internacional / Posiva/Divulgação
A escavação do Onkalo utilizou perfuração e detonação, com constantes aprimoramentos e desenvolvimento de tecnologias inéditas no mundo / Posiva/Divulgação
O protótipo Sanna foi utilizado nos testes FISST para perfurar os primeiros furos de deposição, validando a tecnologia desenvolvida / Posiva/Divulgação
A Máquina de Perfuração de Furos de Deposição (DHBM) garante precisão de até 25 mm em furos de 8 metros de profundidade, exigência essencial para o descarte final seguro / Posiva/Divulgação
O KSAA, veículo de 120 toneladas com blindagem especial, é responsável por transportar e instalar os canisters de cobre com combustível irradiado nos poços subterrâneos com máxima segurança / Posiva/Divulgação
Uma alternativa inédita
Os rejeitos das usinas, chamados de lixo nuclear, representam graves riscos à natureza devido ao elevado nível de radiação que transportam.
Por esse motivo, são colocados em recipientes especiais e levados a pontos de descarte reforçados com concreto, onde ficam por períodos extremamente longos, caso da “caverna geológica” em solo finlandês.
Ainda conforme a CNBC, a previsão é que o local entre em operação até 2026.
No espaço, o combustível atômico já esgotado será acondicionado em cápsulas blindadas e enterrado a mais de 400 metros de profundidade, em uma formação rochosa no sudoeste da Finlândia.
Esses recipientes, fabricados com cobre resistente, permanecerão isolados da humanidade e preservados nesse subsolo chamado de “Onkalo” por dezenas de milhares de anos.
É possível visualizar detalhes do local no vídeo publicado pela Posiva, responsável pelo projeto:
Décadas de preparação
Embora seja pioneira em erguer esse tipo de abrigo definitivo, a Finlândia levou várias décadas para alcançar esse estágio.
Os primeiros passos ocorreram em 2004, quando a área foi definida e começaram os estudos e escavações. A perfuração da “caverna”, porém, só foi iniciada em maio de 2021.
Desde o começo da chamada “era nuclear”, há mais de 50 anos, um dos maiores desafios tem sido justamente o destino do material radioativo remanescente das usinas.
O programa finlandês para lidar com rejeitos nucleares começou em 1983, quando foram criados dois depósitos temporários para resíduos atômicos.
Posteriormente, em 1995, o governo fundou a Posiva Oy, encarregada de elaborar a solução de estocagem em profundidade. Após quase dez anos de pesquisas, nasceu o projeto “Onkalo”.
Enterrar é a saída mais segura
Segundo a World Nuclear Association, a tática considerada mais confiável sempre foi esconder os resíduos em camadas profundas da Terra.
Na prática, contudo, isso vinha sendo feito apenas de modo provisório, à espera de uma forma definitiva de armazenamento.
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O panorama em outros países
Nos Estados Unidos, por exemplo, os rejeitos nucleares ainda são guardados em “tonéis secos” localizados nas próprias centrais, já que planos mais permanentes não foram concretizados.
O governo americano chegou a investir bilhões de dólares em alternativas que iam desde enterrar os resíduos em montanhas de Nevada até armazená-los em espessas camadas de sal no subsolo do Novo México.
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