A expressão popular “Tu é Japiim! Está criando o filho dos outros” tem origem curiosa e está ligada a uma ave pouco conhecida por muitos brasileiros.
O motivo está no hábito do Japiim, que, ao construir seus ninhos, acaba acolhendo ovos de outras espécies parasitas, criando filhotes que não são seus.
O canto é um dos aspectos mais marcantes: extremamente variado, pode dar a impressão de que há um coro de aves. Foto: Reprodução/YT/Museu da Amazônia
Também chamado de xexéu, o pássaro é bastante comum nas regiões Norte e Centro-Oeste do País e se destaca tanto pelo canto quanto pelo papel simbólico na cultura brasileira. Nesta matéria, a Gazeta te conta mais sobre essa espécie que une beleza, curiosidade e tradição.
Nome científico e origem
Seu nome científico é Cacicus cela. A denominação vem da junção do termo espanhol cacicus (cacique, usado no Caribe) e do grego kelës (corcel, cavalo de corrida), segundo Möhring (1752).
Outra interpretação é que o nome deriva de kelainos, que significa “preto”. Assim, seu significado pode ser traduzido como “cacique preto”, em referência à cor predominante da ave.
Características da espécie
Os machos medem entre 27 e 29,5 centímetros de comprimento, com peso de 60 a 98 gramas. Já as fêmeas são bem menores, variando de 22 a 25 centímetros.
Os filhotes imaturos apresentam uma plumagem mais opaca, em tom de fuligem, que depois se torna negra.
O canto é um dos aspectos mais marcantes: extremamente variado, pode dar a impressão de que há um coro de aves.
Além disso, o Japiim tem grande capacidade de imitar sons de outros animais, como tucanos, papagaios e até mamíferos, como a ariranha.
Subespécies
Segundo o site Wikiaves, o Japiim apresenta três subespécies distribuídas pela América Latina:
Cacicus cela cela: ocorre da Colômbia até a Venezuela, passando pelas Guianas, Amazônia brasileira, Mato Grosso do Sul, Nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais, além do leste da Bolívia.
Cacicus cela vitellinus: vive do leste do Panamá ao norte da Colômbia, com plumagem de amarelo mais intenso, quase alaranjado, e manchas menores nas asas.
Cacicus cela flavicrissus: encontrado no oeste do Equador até o noroeste do Peru. É semelhante à subespécie anterior, mas de porte menor.
Alimentação
Onívoro, o Japiim se alimenta principalmente de frutos e sementes, mas também pode saquear ninhos de outras aves. Entre suas preferências estão as mangas, sendo comum encontrá-lo em mangueirais urbanos em grandes grupos.
Reprodução e ninhos
A maturidade sexual é atingida entre 24 e 36 meses. A espécie se reproduz em colônias poligínicas, nas quais um macho se acasala com várias fêmeas. Os ninhos têm formato de bolsa e são construídos com folhas de palmeiras, capim e gravetos.
Medem entre 40 e 70 cm de comprimento e ficam suspensos em árvores, geralmente em colônias numerosas. Muitas vezes, são instalados próximos a formigueiros ou vespeiros, como forma de proteção.
Cada postura tem de 2 a 3 ovos branco-azulados, com manchas e listras escuras. A espécie costuma ter de duas a três ninhadas por temporada.
Hábitos e distribuição
O Japiim habita bordas de florestas de várzea, campos arborizados, cerrados e florestas de galeria, sempre em bandos de diferentes tamanhos.
Sua distribuição é ampla: está presente em toda a Amazônia, estendendo-se até o Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo.
No Nordeste, ocorre do Maranhão ao Ceará e também do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia.
Fora do Brasil, pode ser visto no Panamá e em praticamente todos os países amazônicos, como Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
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