De acordo com o delegado da Polícia Federal, Antônio Flávio Rocha Freire, Paulo Henrique (PV) é suspeito de ajudar na obtenção licenças por meio de fiscais da Prefeitura da Capital em benefício ao grupo do Comando Vermelho.
Em entrevista à imprensa, Freire contou que a investigação ainda deve apurar qual a verdadeira relação do parlamentar com Willian Aparecido, mas adiantou que ele tinha contato direto com o rapaz, inclusive com trocas de favores. Ele foi alvo de busca e apreensão e teve seu carro levado pelos agentes.
“Nós identificamos que tem alguns agentes públicos, inclusive o parlamentar, que têm uma relação muito próxima com esse investigado, inclusive com troca de favores e recebimento de vantagens financeiras de forma indireta. Então por isso ele sofreu o mandado que alteraram no dia de hoje e vamos dar continuidade de investigações para saber exatamente a participação dele na vinculação com a facção criminosa”, disse o delegado.
“Está sendo apurado exatamente o nível de participação dele, mas o que eu posso adiantar para vocês, o que já tem que comprovar nos autos, é que ele sim tinha uma vinculação”, acrescentou.
Veja alvos
PRESOS
Joadir Alves Gonçalves – líder do esquema
Joanilson de Lima Poliveira
Wilian Aparecido da Costa Pereira – Empresário
Rodrigo de Souza Leal
Elzyo Jardel Xavier Pires – assessor parlamentar
Kamilla Beretta Bertoni
João Lennon Arruda de Souza – ex-jogador de futebol
BUSCA E APREENSÃO
Joadir Alves Gonçalves
Lauriano Silva Gomes da Cruz
Joanilson de Lima Oliveira
Willian Aparecido da Costa Pereira
Rodrigo de Souza Leal
Elzyo Jardel Xavier Pires
Kamillla Beretta Bewrtoni
Paulo Henrique de Figueiredo – vereador
Rodrigo Anderson de Arruda Rosa – Agente de Regulação de Fiscalização da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá/MT (SORP).
Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares
Luiz Otávio Natalino – Policial Penal
Vinicius Pereira da Silva
Danilo de Lima Oliveira
Everton Marcelino Muniz – DJ
Stheffany Xavier de Melo Silva – influenciadora digital
Ana Cristina Brauna Freitas
Antidia Tatine Moura Ribeiro
Matheus Araújo Barbosa
Renan Diego dos Santos Josetti
Rafael Piaia Pael
Wilson Carlos da Costa
João Lenon Arruda de Souza
Clawilson Almeida Lacava
PESSOAS JURÍDICAS
Dallas Bar Eireli
Clube CT Mangueira
W A Da Costa Pereira – Complexo Beira Rio
Sindicato dos Agentes de Regulação e fiscalização do município de Cuiabá
A operação
O esquema ganhou evidência após uma apresentação do cantor nacional MC Daniel ser interrompida por conta do comportamento hostil do público com o artista apenas por ele ser do estado de São Paulo, dominado por uma facção rival, o Primeiro Comando da Capial (PCC).
A autoridade policial também apontou que servidores de uma secretaria do município também estão envolvidos no esquema. Isso porque, eles eram responsáveis pela fiscalização dessas casas noturnas, além da concessão das autorizações para a realização de shows.
Em continuidade à investigação, os policiais identificaram um esquema para introduzir celulares dentro de unidade prisional e transferências de lideranças da facção para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.
No último dia 1º de junho, foi identificado que dois alvos da investigação fugiram para o estado do Rio de Janeiro. Um deles é considerado o principal líder da facção criminosa investigada, atualmente em liberdade, e estava viajando com documentos falsos. Os criminosos foram abordados ainda dentro da aeronave, logo após o pouso no aeroporto carioca de Santos Dumont.
FUNÇÕES DETALHADAS
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Liderança e operadoresPessoa identificada como Joadir Alves Gonçalves, vulgo Jogador, seria a liderança, repassando os recursos investidos na aquisição de casas noturnas e realização de shows e eventos.
Joadir, segundo investigação, recebe o dinheiro de integrantes da parte operacional da facção, ou seja, de Joanilson de Lima Oliveira, vulgo Japão e Joao Lennon Arruda de Souza, após o recolhimento da venda de drogas.
Promotores de eventos
O investimento, em sua grande maioria em espécie, é repassado por Willian Aparecido da Costa Pereira, vulgo Gordão, para os operadores e promotores de eventos Rodrigo de Souza Leal e Elzyo Jardel Xavier Pires, com objetivo de custearem parte dos shows no Dallas Bar e em outras casas noturnas identificadas pelas investigações.
Ainda conforme a investigação, para a realização de determinados shows, Rodrigo e Jardel também contam com o investimento de um grupo de promoters denominado G12 Eventos.
Contabilidade
Investigação relata ainda que após a realização dos eventos, a contabilidade é efetivada e os lucros são repartidos por Eodrigo e Kamilla Beretta Bertoni, proporcionalmente, aos investidores e idealizadores: os membros do G12 e integrantes do Comando Vermelho.
A repartição do dinheiro, segundo investigação, ocorre por meio de depósitos fracionados para evitar as identificações dos depositantes e origem ilícita dos valores distribuídos; há ainda utilização de empresas de fachada para ocultar as transações, como é o caso da Dom Carmindo Lava Jato e Conveniência, W A da Costa Pereira (Expresso Lava Car e/ou Complexo Beira Rio), Restaurante e Peixaria Mangueira Ltda, Dallas Bar Eireli e Strick Pub Bistro e Restaurante Ltda.
Agentes públicos
No tocante à operacionalização dos eventos e funcionamento das casas noturnas, investigação cita o papel desempenhado pelo vereador Paulo Henrique de Figueiredo, pelo secretário adjunto da Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá, Benedito Alfredo Granja Fontes e do agente de Regulação e Fiscalização, Rodrigo Anderson de Arruda Rosa.
“O grupo criminoso conta com o auxílio dos agentes supracitados, os quais flexibilizam a concessão de licenças e alvarás durante a realização dos eventos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros de forma direta e indireta do grupo responsável pela promoção dos shows, ou seja, G12 EVENTOS e integrantes do Comando Vermelho”.
Grupo G12
Quanto ao grupo G12 Eventos, durante as investigações, através da análise dos dados telemáticos, telefônicos e diligências de campo e, principalmente, através do afastamento do sigilo bancário, foi possível identificar a grande maioria de seus integrantes. São eles:
1. JOADIR ALVES GONCALVES, vulgo JOGADOR ou VEIO ou JOGA;
2. WILLIAN APARECIDO DA COSTA PEREIRA, vulgo WILLIAN GORDÃO;
3. RODRIGO DE SOUZA LEAL, vulgo LEAL;
4. ELIZYO JARDEL XAVIER PIRES, vulgo JARDEL;
5. WILSON CARLOS DA COSTA, vulgo VAMPIRO;
6. RENAN DIEGO DOS SANTOS JOSETTI, vulgo RD;
7. RAFAEL PIAIA PAEL;
8. DANILO LIMA DE OLIVEIRA;
9. VINICIUS PEREIRA DA SILVA, vulgo JABÁ;
10. ANTIDIA TATIANE MOURA RIBEIRO, vulgo TATY;
11. ANA CRISTINA BRAUNA FREITAS, vulgo ANNA;
12. STHEFFANY XAVIER DE MELO SILVA, vulgo XAVIER;
13. MATHEUS ARAUJO BARBOSA, vulgo ARAÚJO;
14. EVERTON MARCELINO MUNIZ, vulgo DETONA;
15. VINICIUS BARBOZA DA SILVA, vulgo MELÃO;
16. MESTRE: Não qualificado.
Sócios
Ainda conforme revelado, identificou-se a participação dos sócios do grupo criminoso Clawilson Almeida Lacava, vulgo Gauchinho, e Lauriano Silva Gomes da Cruz, nas casas noturnas em que os eventos eram realizados, no intuito principal de dissimular a propriedade e verdadeira atividade das empresas de eventos.
Em paralelo, identificou-se outro indivíduo, de nome Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, responsável pela rentabilidade dos lucros obtidos com os shows e venda de entorpecentes, através de empréstimo a juros abusivos, bem como no fornecimento de veículos para o grupo.
Transferência de lideranças
Por fim, descortinou-se um esquema de transferência de lideranças do Comando Vermelho para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de possibilitar a comunicação com os demais integrantes que estão em liberdade, o qual conta com a importante participação de Luiz Otavio Natalino, policial penal do Estado, em conluio com o ex-diretor do presídio de Carumbé, Winkler de Freitas Teles.