8 aparelhos para NUNCA usar extensão, segundo especialista

Conectar vários aparelhos em uma única extensão ou utilizar adaptadores improvisados, como os populares “Ts” ou benjamins, sem levar em conta a potência dos equipamentos, pode representar um risco sério. Segundo o engenheiro eletricista Leonardo Moura, essa prática pode causar sobrecarga e aquecimento excessivo dos fios e condutores, comprometendo o isolamento e, em casos mais graves, provocando choques elétricos e incêndios.

O risco é ainda maior em ambientes críticos, como cozinhas e áreas molhadas, onde fatores como umidade, vapor, calor e a proximidade da água se somam ao uso de eletrodomésticos de alto consumo, como micro-ondas, geladeiras e cafeteiras. Nesses casos, o uso de extensões ou adaptadores sem certificação ou com capacidade inadequada pode resultar em falhas perigosas, sobretudo em locais pouco ventilados ou muito apertados, aumentando o risco de choques elétricos.

Dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2025, produzido pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), reforçam o alerta: em 2024, 40% dos acidentes por choque elétrico em residências tiveram como origem extensões e conexões elétricas inadequadas.

Moura ressalta que muitas instalações elétricas, principalmente as residenciais, estão desatualizadas ou subdimensionadas para a demanda atual de eletrodomésticos e aparelhos eletrônicos. Usar extensões no lugar de tomadas fixas, especialmente para aparelhos de maior potência, como o ar-condicionado, é uma prática arriscada. Esses equipamentos exigem tomadas compatíveis como, por exemplo, de 20 amperes, e o uso de extensões com capacidade inferior, como as de 10 amperes, pode resultar em superaquecimento, derretimento de condutores e incêndios.

Além dos riscos diretos à segurança, extensões improvisadas, com fios inadequados, conexões frouxas ou mal isoladas, comprometem o funcionamento dos aparelhos, aceleram o desgaste dos componentes e ainda aumentam o consumo de energia devido a perdas elétricas e quedas de tensão.
O engenheiro destaca que a instalação elétrica deve ser planejada ainda na construção ou reforma do imóvel, com dimensionamento correto da quantidade e localização das tomadas, justamente para evitar soluções improvisadas. Ele enfatiza que os perigos de sobrecarga, superaquecimento e incêndio não são apenas possibilidades remotas, mas riscos reais.

Outro ponto fundamental, segundo Moura, é a presença de um sistema de aterramento eficiente, especialmente em áreas como a cozinha, onde os fatores de risco se multiplicam. “Além da quantidade adequada de tomadas, elas devem seguir padrões técnicos, como os da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Equipamentos como geladeiras e micro-ondas possuem fios de aterramento e eles devem estar conectados nas tomadas adaptadas para isso, a fim de evitar choques elétricos e fugas de corrente. O sistema de aterramento é essencial para proteger pessoas e equipamentos”, explica Leonardo Moura.

Devido à sua potência, tempo de uso e características específicas, certos aparelhos não devem ser conectados a extensões ou instalações improvisadas. Essa prática, além de representar riscos à segurança, pode comprometer a durabilidade dos eletrodomésticos e até aumentar o consumo de energia, elevando a sua conta de luz. Abaixo, você confere uma lista com os principais aparelhos que nunca devem ser conectados a extensões e os motivos para evitar essa prática.

As geladeiras são projetadas para funcionar de forma contínua, 24 horas por dia, sete dias por semana, contando com um ciclo de ligar e desligar próprio para manter a temperatura interna. Embora o consumo médio de energia seja moderado, o pico de corrente quando o compressor liga é significativamente mais alto. Esse pico de partida pode sobrecarregar a extensão, especialmente se outros aparelhos estiverem conectados a ela.

Além disso, o uso constante de uma extensão pode gerar um aquecimento sutil e prolongado, desgastando o cabo e criando um ponto de falha ao longo do tempo. Para garantir o bom funcionamento do seu eletrodoméstico e a segurança da sua casa, conecte a geladeira sempre a uma tomada exclusiva na parede.

2. Freezers

Assim como geladeiras, os freezers trabalham 24 horas e têm grande demanda elétrica. Extensões geralmente não suportam a corrente exigida e podem aquecer excessivamente. Se o freezer estiver em garagem, varandas ou área externa, onde o cabo fica exposto ao calor, frio ou umidade, o risco aumenta.

3. Micro-ondas

O micro-ondas está entre os eletrodomésticos que mais consomem energia em períodos curtos, com potências que variam entre 600 e 1.800 watts. Ao ser ligado, exige uma corrente elétrica elevada de forma instantânea, o que pode sobrecarregar extensões e filtros de linha não projetados para esse tipo de carga. Isso representa risco de aquecimento excessivo dos cabos, derretimento, curto-circuito e até princípio de incêndio.

4. Cafeteiras

As cafeteiras funcionam por meio de aquecimento rápido da água, o que exige uma quantidade significativa de energia elétrica. Embora o consumo varie entre modelos, esse tipo de aparelho costuma gerar picos de corrente que podem facilmente sobrecarregar extensões e adaptadores. O uso inadequado desses acessórios pode causar quedas de tensão, prejudicar o desempenho da cafeteira e, com o tempo, comprometer seu funcionamento interno. Além disso, há riscos reais de superaquecimento e até curto-circuito.

Para garantir a segurança da sua casa e um café de qualidade, o ideal é conectar a cafeteira diretamente em uma tomada exclusiva, preferencialmente próxima e dimensionada para a potência do equipamento.

Torradeiras também têm resistências internas que puxam bastante energia em curto espaço de tempo. Extensões comuns podem aquecer, principalmente se vários aparelhos forem ligados no mesmo ponto.

6. Air Fryer

Air fryers variam entre 800 e 1.700 watts. Ao lado de cafeteiras, grills e sanduicheiras, formam uma linha de alta potência perigosa se conectada em uma só tomada. “Esses equipamentos trocam calor com o ambiente e têm alta potência. Ligar vários em um mesmo ponto pode causar sobreaquecimento e riscos associados”, enfatiza Moura.

7. Aspirador de pó

Os aspiradores de pó, especialmente os modelos mais potentes, são projetados com motores que consomem muita energia para gerar a sucção. O consumo médio de um aspirador pode variar de 800 a 1.200 watts. O problema não é apenas o consumo, mas a forma como ele é usado: os aspiradores são frequentemente arrastados pela casa, o que pode causar torções e danos ao cabo da extensão, expondo a fiação interna.

Se o cabo da extensão for danificado, o risco de curto-circuito é grande. Além disso, o uso de extensões não compatíveis com a potência do aspirador pode reduzir o desempenho do motor e até mesmo queimá-lo. A recomendação é sempre usar o cabo original do aparelho, que é projetado para suportar a sua demanda energética e, se necessário.

8. Ar-condicionado

O ar-condicionado é um dos aparelhos mais exigentes em termos de energia. Os modelos, dependendo da capacidade, podem ter potência entre 800 a 1800 watts. A necessidade de energia no momento em que o compressor é ligado é muito alta e pode sobrecarregar extensões e adaptadores. O engenheiro Leonardo Moura é categórico: ar-condicionado exige sempre tomadas de maior potência.

“O ar-condicionado, assim como o chuveiro elétrico, exigem tomadas de maior potência, como a de 20 amperes. Usar extensões ou adaptadores é muito perigoso e pode causar superaquecimento, derretimento de condutores e até incêndios. O ideal é que, ao adquirir um ar-condicionado, também seja contratado um profissional para instalar corretamente a tomada e o disjuntor adequados ao equipamento”, alerta Moura.

Ao utilizar eletrodomésticos de alta potência é fundamental seguir algumas orientações para evitar acidentes. Confira abaixo algumas dicas para garantir o uso seguro de aparelhos que exigem mais energia para proteger sua casa e família!

• Planejamento de tomadas em obras ou reformas: já no projeto elétrico, prever pontos suficientes de tomadas para todos os eletrodomésticos que se usará habitualmente; evitar que muitos equipamentos de alto consumo dependam de um único ponto de energia. Tomadas devem ser estrategicamente posicionadas perto dos locais de uso e considerar circulação de ar e ventilação.
• Usar apenas extensões ou adaptadores adequados e certificados: se for inevitável usar uma extensão, que seja de alta qualidade, com selo do Inmetro, e em aparelhos de baixa potência, como TVs, celulares ou notebooks. Nunca usar adaptadores caseiros ou “Ts” improvisados para equipamentos de grande potência.
• Tomadas e disjuntores compatíveis: para aparelhos como ar-condicionado, utilizar tomadas específicas para sua amperagem (20 A), com disjuntor dedicado dimensionado para a carga. Verificar se o quadro de distribuição suporta a demanda atual, sem sobrecarga em fases ou no geral do sistema.
• Sistema de aterramento: garantir que todos os equipamentos com condutor de aterramento estejam conectados a tomadas com aterramento. Isso evita choques elétricos, fuga de corrente, e protege tanto pessoas quanto os aparelhos.
• Proteção e segurança física dos fios/extensões: evite que extensões atravessem ambientes nos quais fiquem expostas à água, crianças, animais ou sob móveis pesados. Ao longo das paredes, usar calhas elétricas anti-chamas autoadesivas, adequadas, em vez de fita adesiva comum, que pode ser inflamável ou soltar e expor fios.
• Manutenção e revisão periódica: verificar regularmente o estado das fiações, tomadas e extensões usadas. Se notar superaquecimento, cheiro de queimado, escurecimento ou desgaste nos plugues, fios ou isolamento, desligar e substituir.