Cerca de 2,1 milhões de crianças e adolescentes não têm acesso adequado à água no Brasil e 12,2 milhões vivem em más condições de saneamento básico. É o que aponta um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado nesta quinta-feira (10) feito com base no Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O alerta ocorre na semana do Dia das Crianças e chama a atenção para as desigualdades que afetam a infância no país.
O estudo aponta que a falta de água e saneamento é mais grave no semiárido do Nordeste e na região amazônica. Segundo o Unicef, essas carências, especialmente em áreas vulneráveis, aumentam a desigualdade social, pioram a situação dessas crianças e trazem consequências de longo prazo, como problemas de saúde e dificuldades na escola.
Em relação à cor e raça, quase 70% das crianças e adolescentes com esgoto inadequado são pretas ou pardas. Entre os indígenas, 25% das crianças e adolescentes não têm acesso adequado à água, e 48% vivem sem esgoto.
Até 2040, cerca de 600 milhões de crianças no mundo viverão em áreas com extrema falta de água, de acordo com o relatório “Thirsting for a Future”, do Unicef.
O estudo alerta sobre os impactos na saúde e sobrevivência infantil, destacando que as mudanças climáticas, o aumento da demanda por água e a má gestão dos recursos hídricos são os principais fatores que agravam essa crise.
Um estudo do Instituto Trata Brasil, também divulgado nesta quinta-feira, aponta que aproximadamente quatro a cada dez crianças com idade de até seis anos deixaram de ir à creche devido a diarreias e doenças transmitidas por insetos e animais.
O levantamento avaliou o efeito da falta de esgoto adequado na gravidez, primeira infância, segunda infância e adolescência. A conclusão é que todas essas fases são impactadas, mas a primeira infância é que a sofre mais. Essa fase, que vai de zero a seis anos, é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo do ser humano.
Das 18,3 milhões de crianças no Brasil, 6,6 milhões tiveram que se afastar da escola por doenças causadas por água contaminada, como o rotavírus, que é uma das principais causas de diarreia grave em crianças menores de cinco anos.