Por isso, haverá eleições para prefeitos e vereadores pela primeira vez no local, no próximo dia 6 de outubro.
A cidade tem dois candidatos para o cargo de prefeito: os produtores rurais Calebe Francio (MDB) e Demétrio Cavlak (DC).
Cerca de 50 moradores se candidataram para vagas na Câmara de Vereadores.
Um total de 4.243 eleitores estão cadastrados para votar em três locais disponíveis, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O território de Boa Esperança do Norte vai ser formado em 20% por uma área de Sorriso e em 80% pela área do município de Nova Ubiratã.
Essa perda de hectares da cidade vizinha gerou uma longa disputa judicial de mais de 20 anos.
Para se ter uma noção, o processo judicial mais recente sobre o caso tem mais de 5 mil páginas.
A legislação de criação do município de Boa Esperança do Norte remonta ao ano 2000.
No entanto, a autorização definitiva para a instituição só aconteceu após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em outubro de 2023.
“Foi uma luta muito longa. Nossa comunidade quase toda estava desanimada e desiludida, achando que a municipalização não ia acontecer mais. Era um desejo muito antigo da cidade. Aliás, era um direito que não estava sendo respeitado”, avalia Calebe, que foi subprefeito do distrito e liderou o grupo que lutava pela emancipação.
Essa indefinição foi tão longa que o deputado estadual que fez a lei de criação do município, Nico Baracat, do então PMDB, morreu em um acidente de trânsito em 2012, antes de ver a legislação colocada em prática.
BRIGA NA JUSTIÇA – Os moradores de Boa Esperança do Norte articulam a independência da região desde os anos 1990. Apesar de ser distrito de Sorriso, ele fica a 140 km do centro urbano mais próximo.
A região de Sorriso se destacou nos últimos anos como polo na produção de grãos, principalmente soja e milho, além de algodão e pecuária.
A população do distrito de Boa Esperança é formada em boa parte por produtores rurais do Sul do país e por trabalhadores do Nordeste.
O sucesso do distrito em conseguir aprovar a lei de criação do município não agradou a prefeitura da vizinha Nova Ubiratã, cidade de 11,5 mil habitantes que vai ter uma perda importante em seu território e na sua arrecadação.
“A área de terras que Sorriso perderá será irrisória, o que não é o caso de Nova Ubiratã, que, da noite para o dia, poderá acordar com um déficit territorial de 360 mil hectares”, diz trecho de manifestação da prefeitura, no processo judicial sobre o caso.
Nova Ubiratã entrou com um mandado de segurança contra a lei estadual de criação do novo município ainda no ano 2000 e teve uma decisão favorável que impediu a nova cidade.
Acontece que os moradores de Boa Esperança se organizaram anos depois e contrataram advogados de Brasília (DF).
Eles questionaram o não cumprimento da lei até a história chegar ao STF, que autorizou a criação do município, em uma votação de oito ministros favoráveis e três contrários.