A empresa ASR Locação de Veículos e Máquinas, uma das quatro ganhadoras do leilão do arroz do Governo Lula, ganhou em dezembro de 2023 outro leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a compra de R$ 12,7 mil toneladas de milho. O valor do contrato foi de R$ 19,8 milhões e ela foi a única empresa participante do certame.
Assim como no leilão do arroz, a ASR foi representada pela Bolsa de Mercadorias do Mato Grosso e pela corretora Focus, ambas pertencentes a Robson Luiz Almeida de França, ex-assessor do então Secretário de Política Agrícola Neri Geller. Além de ex-assessor de Neri, Robson também é sócio de Marcelo Piccini Geller, filho do ex-secretário.
A ASR, que fica em Brasília, não tem histórico de comércio de cereais e de acordo com o CNPJ, sua atividade principal é o aluguel de máquinas pesadas. A empresa tem capital social de R$ 5 milhões e conta com 45 funcionários.
O edital, de dezembro do ano passado, foi assinado pelo diretor presidente da Conab, Edegar Pretto, e seu diretor de Operações e Abastecimento, Thiago José dos Santos.
À época, foi informado que a compra de 12,7 mil toneladas de milho seria para o enfrentamento da estiagem no estado da Bahia.
Escândalo do arroz
A ASR foi uma das quatro empresas vencedoras do leilão do arroz e a falta de experiência no mercado, entre outras denúncias, acabou gerando uma crise no Governo Federal, fazendo inclusive com que o certame fosse anulado.
Além disso, Neri Geller acabou exonerado por suposto conflito de interesses.
O governo decidiu importar arroz do exterior para evitar especulações de preço depois das enchentes no Rio Grande do Sul, estado que concentra a maior parte da produção nacional. Os produtores não viram a iniciativa com bons olhos, já que eles garantiam que tinham condições de abastecer o mercado nacional.