As chuvas e enchentes do último mês no Rio Grande do Sul afetaram a produção e colheita de laranjas, tangerinas e limões no estado, de acordo com dados do Informativo Conjuntural da Emater-RS (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), divulgado na quinta-feira (30). Em algumas regiões, pragas como a mosca-das-frutas e o pulgão também contribuíram para as perdas, com uma estimativa de redução de produtividade entre 30% e 35%. As colheitas de soja, milho e arroz também estão prejudicadas.
“As plantas apresentam carga e frutos pequenos, e há presença de cochonilha [um inseto], ácaro e pulgão. Muitos frutos foram afetados por doenças, que causaram estragos. Também há incidência de ataques de mosca-das-frutas. Já as plantas novas sofrem ataques de pulgão nas brotações e de larva-minadora, nas folhas”, informa o relatório. Atualmente, os pomares estão no estágio final de desenvolvimento e início de maturação dos frutos.
O relatório também destaca que a colheita da soja no estado foi prejudicada pelas chuvas. As plantas apresentaram problemas como alta umidade dos grãos e baixa estatura, resultando em perdas significativas. A colheita do milho enfrenta dificuldades semelhantes, sendo afetada pela umidade e nebulosidade. Além disso, houve danos na qualidade dos grãos devido a fungos e germinação nas espigas.
A colheita do milho para silagem, uma forma de armazenar e fornecer alimentos para animais, sofreu danos ainda mais significativos. Nas regiões Sul e Campanha, a atividade foi inviabilizada pela recorrência de chuvas. Com a operação se aproximando do final, as poucas lavouras remanescentes deverão apresentar redução no volume e na qualidade da massa vegetal a ser ensilada, devido ao tombamento das plantas e ao atraso na colheita, ambos provocados pelas chuvas e pelo excesso de umidade desde o início de maio.
O relatório menciona que em Aceguá, cidade situada na fronteira do Brasil com o Uruguai, as perdas atingiram 30% na área plantada de 2.500 hectares, representando quase 50% de toda a região. Essas perdas foram influenciadas pelo estresse hídrico em fevereiro e no início de março. Em Hulha Negra, as lavouras ensiladas a partir de abril apresentaram uma quebra de 40%.
Linhas de crédito a agricultores
Diante do cenário, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 1,9 bilhão em linhas do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); do Pronaf Investimento (Mais Alimentos); do Crédito de Investimento em Sistemas de Exploração Extrativistas; de Produtos da Sociobiodiversidade, Energia Renovável e Sustentabilidade Ambiental (Pronaf Bioeconomia); além do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp Investimento).
Entre os beneficiários, estão agricultores familiares do Pronaf e médios produtores do Pronamp, tanto pessoa física quanto jurídica, que tiveram perdas ou danos de pelo menos 30% do valor da estrutura produtiva de suas propriedades rurais. Isso inclui máquinas, equipamentos, construções, instalações, animais e solos de áreas agrícolas e pecuárias.
Reconstrução
Em 17 de maio, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), anunciou o Plano Rio Grande, que visa reparar os danos das enchentes. O plano contempla três frentes de ação: curto prazo, com foco na assistência social; médio prazo, com empreendimentos habitacionais e obras de infraestrutura; e longo prazo, com um plano de desenvolvimento econômico.
O governo federal já destinou R$ 62,5 bilhões ao estado até o momento, incluindo liberação de recursos, antecipação de benefícios e outras medidas. Entre elas, destaca-se o Auxílio Reconstrução, que pagará R$ 5,1 mil por família em parcela única. Também foram anunciados o adiantamento do Bolsa Família, a liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para 228,5 mil trabalhadores em 368 municípios e a restituição antecipada do imposto de renda para 900 mil pessoas.