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Segura e sensível, revelação de fotos resista à modernidade

Cada vez mais raras, as fotografias impressas perderam espaço ao longo dos anos para as imagens em redes sociais. Mas em meio a esses registros que só existem nas telas, ainda há quem persista no método analógico. É o caso da empresária e fotógrafa Maria Leticia Pereira, 57, que atua no ramo da fotografia e revelação há 37 anos, neste que foi seu primeiro emprego e permanece até os dias atuais.

Letícia conta que começou como funcionária da loja, revelando filmes com a impressão preto e branco, feita em laboratório escuro, quando ainda nem sonhava com a existência do digital. Atuou por 22 anos como empregada no estabelecimento e em breve completará 15 anos como proprietária com o marido. O ponto fica em uma das ruas do Centro Histórico de Cuiabá e foi comprado de seu antigo patrão, já falecido.

Ela recorda que as mudanças do meio analógico para o digital começaram de forma mais impactante na Capital por volta de 2005. A transição teve como principal marco a utilização de novos equipamentos para fotografar e também tecnologias de edição e impressão. Naquele momento, ela já não atuava mais somente no laboratório e precisou se especializar, além de aprender a usar as novas ferramentas de edição, tão comuns nos dias atuais.

“Antes era mais mecânico, depois passou para analógico, aquele que você coloca o filme, automático e disparava, batia e girava o filme sozinho. Depois entrou digital, aí a gente foi estudando, se aperfeiçoando. A empresa mandava um funcionário para poder ensinar como ia trabalhar no computador, porque não era monitor, era o próprio computador dele, da empresa mesmo, ligado a impressora. Tinha pessoas para dar treinamento para a gente”, recorda.

Contudo, as fotografias por meio de smartphones e a diminuição das revelações devido ao armazenamento em computadores, drives e outros meios que amparam a fotografia digital surpreenderam a categoria que viu a queda por demandas acontecer de forma drástica.

Fotografia x armazenamento

O hábito de imprimir as fotografias decaiu e a demanda pelo serviço refletiu uma mudança de comportamento da sociedade em armazenar as fotos no meio virtual. Letícia lamenta que costumes antigos como renovar as fotos de família, de casal e dos filhos, bem como manter os porta-retratos que antes decoravam as prateleiras e estantes das casas são cada vez mais incomuns.

 

Divulgação

Letícia pereira fotografa

No entanto, ela conta que ainda possui clientes fiéis que acompanham e requisitam seus serviços desde os tempos em que começou na área e garante que prestar um bom trabalho fideliza clientes e mantém a loja em pé.

“Nessa mesma rua, antigamente, eram 6 lojas de fotografia, uma foi fechando, outra foi fechando, fechando, porque foi tudo passando para o celular. Ninguém mais queria revelar e o campo dos profissionais foi ficando difícil. […] Alguns guardam imagens no celular, no notebook, no CD, ou no pendrive, que não é tão seguro. Uma foto que não é revelada, ela não existe, mas graças a Deus, os clientes aqui têm a consciência de revelar e vem nos procurar”, ressalta.

Apesar do cenário atual, a empreendedora defende o hábito de imprimir as fotografias para guardar as lembranças de comemorações.

Mesmo com toda a modernidade, nem sempre a tecnologia garante 100% da segurança e do armazenamento dos conteúdos. Computadores, drives, pen drives podem ser corrompidos por vírus, hackers e outros mecanismos, além de ter determinado limite de função.

Letícia se recorda de uma ocasião em que uma mulher chegou ao estabelecimento em desespero, pois o notebook havia travado e estava com vírus. Embora não seja da área de TI, ela entendeu que por trás da angústia da mulher estava, na verdade, o receio da perda de inúmeros arquivos, desde fotografias da gravidez até o aniversário de 6 anos do filho.

O apego com memórias e lembranças ainda faz com que muitas pessoas a procurem para tentar revelar filmes e formatos mais antigos que a tecnologia de hoje não possibilita. Letícia tem que recorrer a profissionais de São Paulo e até Santa Catarina para conseguir atender as demandas de pedidos.

Serviços mais recorrentes

Dentre as fotografias mais procuradas, ela ressalta que faz coberturas de casamentos, festas de 15 anos, 18 anos e outros aniversários, desde o evento até a revelação final das fotografias, mas também é procurada para ensaios de bebês, foto 3×4, de passaporte, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ainda faz restaurações e tratamentos para recuperar e dar mais vida a imagens antigas.

A empreendedora afirma que faz questão de trabalhar com materiais que têm certeza da qualidade, cuja impressão não vai grudar no vidro, mudar a coloração ou “apagar” em poucos dias, e mantém os mesmos fornecedores de papel de marca alemã desde os tempos em que era funcionária no estabelecimento.

Por acompanhar os eventos e no contato do dia a dia com as memórias e registros dos clientes, acaba criando vínculos e até amizades saem de alguns trabalhos que faz.

“É gratificante você oferecer um trabalho e o cliente gostar daquilo que você faz, é uma memória. Você faz parte daquele momento, daquela pessoa. Participar daquela festa de aniversário, casamento, aquela pessoa passa a fazer parte da sua vida, porque ali você vai ter um laço, você passa a conhecer toda a família. Na hora de montar o álbum, você sabe quem é a família do noivo, quem é a família da noiva. Eu tenho clientes desde a época do filme”, relembra.

Para Letícia, essa sensação é o que a mantém atuante na área. Embora ainda esteja longe de se aposentar, a fotógrafa se sente grata por atuar por tanto tempo na profissão e eternizar momentos especiais.

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