O presidente das Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso (Bioind MT), Sílvio Rangel, disse que há muito espaço para a indústria de biocombustível evoluir no Estado, com o desenvolvimento de novos produtos, como a FS de Lucas do Riuo Verde, que está certificada para produzir etanol de milho para o SAF.
“A gente tem a possibilidade de entrar com outros produtos, dentro do setor como inovação como o BECCS, bioenergia com captura e armazenamento de carbono. Você pode sequestrar o carbono e introduzir no subsolo. É um projeto interessante de uma das associadas nossas. O biocombustível é uma cadeia produtiva que ela está sendo construída ao longo do tempo e vem com tecnologia 4.0 e com os melhores salários da indústria”.
Posto de combustível do Brasil
Com a expectativa de atingir a produção de 9 bilhões de litros de etanol nos próximos 10 anos, Mato Grosso caminha para se tornar o ‘posto de combustível do Brasil’ com o aumento da área plantada de milho, por meio de conversão de pastagens em lavouras, aumento na quantidade de indústrias de etanol, atualmente são 18 e há quatro plantas em construção.
“A gente acredita que esse setor ainda vai contribuir muito mais com o Mato Grosso, com o Brasil e com o mundo na questão da transição energética. Estamos falando de uma indústria que hoje traz, pelo menos, quatro importantes benefícios para o país. Produz biocombustíveis e óleo de milho; fornece fertilizantes e proteína vegetal para alimentação animal e levedura; emite créditos de carbono; e gera energia elétrica a partir de resíduos. É um setor onde tudo é reaproveitado e produz renda, gera empregos e aumenta a arrecadação de impostos”, pontuou Rangel.
Na safra 2023/2024, a produção total de etanol (cana e milho) em Mato Grosso bateu recorde, atingido 5,72 bilhões de litros, um aumento de 32% em relação ao período anterior (4,34 bilhões de litros). Este é o maior percentual de crescimento anual da produção de etanol já registrado no Estado.
Com este resultado, Mato Grosso alcança, pela primeira vez, a vice-liderança na produção nacional de etanol, atrás apenas de São Paulo. Quando se trata apenas de etanol de milho, o estado já é o maior produtor do Brasil. O crescimento da produção total de etanol foi resultado do aumento da capacidade produtiva das usinas (ampliação e nova planta), além da melhor performance das indústrias no Estado. O índice de rendimento industrial para milho e cana foi recorde nesta safra.
Do total de etanol produzido na safra 2023/24, 4,54 bilhões de litros vieram do milho; e 1,18 bilhão de litros da moagem de cana. Deste volume, 3,73 bilhões de litros foram de etanol hidratado (biocombustível que vai direto para as bombas), e 1,99 bilhão de litros de anidro (produto que é adicionado à gasolina).
Produção de milho em MT
Mato Grosso produziu 43,8 milhões de toneladas de milho, responsável por 38% da safra nacional. Neste período, a moagem de milho também foi recorde, 10,11 milhões de toneladas, um crescimento de 37,86%, o maior percentual de crescimento anual já registrado no Estado. O mesmo para a produção de etanol, cujo crescimento foi de 38,40% em relação ao período anterior.
“As usinas de etanol de milho mudaram a relação da oferta e demanda estadual do cereal, desempenhando um papel importante na sustentação do consumo desse produto e dando suporte para o crescimento da produção mato-grossense de milho”, explica a gestora de desenvolvimento regional do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Vanessa Gasch.
Outro destaque nesta safra foi o DDG (Grãos Secos de Destilaria), um coproduto do etanol de milho utilizado na alimentação animal. A produção de DDG foi de 2,12 milhões de toneladas, contra 1,6 milhão de toneladas no período anterior.
Os principais mercados do DDG mato-grossense foram o de Minas Gerais (31,4%), seguido por São Paulo (14,7%), Paraná (12,6%), Goiás (11,6%) e Mato Grosso do Sul (10%), além do próprio consumo interno (35,5% da produção).