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Com ‘Tigrinho’, bets e cassinos online, atendimentos psicológicos por vício em jogos cresce 1.000%

Com promessas de ganhos rápidos e fáceis, o mundo das apostas chegou à palma da mão por meio de sites, aplicativos e jogos que prometem ganhos milionários em um toque. Os mais populares são o famoso “jogo do tigrinho”, as “bets” esportivas, e além de dezenas de cassinos online. A emoção pelo “grande prêmio” faz com que pessoas dediquem dinheiro e tempo em prol dos jogos, colocando em risco sua saúde mental, relações, trabalho e finanças. “A inclinação ao jogo patológico é uma doença comportamental idêntica a outra dependência química”, diz a psicóloga Antonieta da Costa Leme.

Nas redes sociais, sem qualquer regulação, os chamados “digital influencers” promovem as plataformas de apostas e ostentam estilo de vida luxuoso atribuídas aos ganhos com os jogos, enquanto compartilham links e incentivam seguidores a também apostarem.

Segundo dados do Datafolha, o perfil mais frequente de apostadores online é de homens jovens. Cerca de 30% dos jovens de 16 a 24 anos e 25% das pessoas entre 25 e 34 anos relataram já ter feito alguma aposta pela internet. Ao menos 15% de toda a população diz ter apostado pelo menos uma vez e a média de gastos do brasileiro com esse tipo de atividade corresponde a 20% do salário.

Se anteriormente acessar os jogos “sorte” demandava deslocamentos e frequentar a ambientes mais reservados, hoje, com as facilidades do mundo digital, para apostar bastam alguns toques no smartphone.

Pesquisadores e especialistas na área da saúde mental alertam para aumento de atendimentos psicológicos voltados ao vício em apostas virtuais. Dados do Ministério da Saúde apontam que a demanda de consultas para pessoas com dependência em jogos de azar nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e na Atenção Primária à Saúde (APS) saltou de 108 para 1.290 entre 2018 e 2023, representando uma subida de 1.094%.

A psicóloga especialista em saúde mental com ênfase em dependência química, Antonieta da Costa Lemes, relata que, na clínica onde atua, tem notado um aumento considerável no número de atendimentos relacionados ao vício em apostas online.

“As pessoas frequentemente relatam a facilidade com que podem apostar, o que dificulta resistir à tentação. Muitos casos envolvem indivíduos que começaram a apostar de forma recreativa, mas que, com o tempo, perderam o controle e viram suas vidas serem profundamente impactadas. As consequências podem ser devastadoras, afetando não apenas a saúde mental, mas também as relações pessoais e a situação financeira”, alerta.

A especialista atribui este aumento às transformações digitais, que, embora tenham democratizado o acesso da população a tecnologia, por outro lado, facilitou também o acesso às apostas e jogos de azar, que trouxe desafios significativos no que se refere aos vícios.

“A inclinação ao jogo patológico é uma doença comportamental idêntica a outra dependência química, a compulsão de jogar é tão forte quanto o alcoolismo ou o vício em drogas. O indivíduo fica viciado na emoção de apostar, o sistema de recompensa do cérebro gera uma sensação de prazer e faz com que ele repita o ato de forma descontrolada”, descreve.

Conforme Antonieta, é comum ouvir de pacientes que enfrentam o vício em apostas que começaram com os jogos de forma inocente, por meio de sugestão de amigos, o que no início, parecia uma atividade inofensiva e até divertida.

“Muitos relatam que antes levavam uma vida equilibrada, com um bom desempenho no trabalho, nos estudos e mantinham relações saudáveis com familiares e amigos. No entanto, à medida que o vício em apostas se desenvolve, essas áreas de suas vidas começam a se deteriorar. Podem começar a faltar ao trabalho, perder o interesse em atividades que antes gostavam e se afastar de quem amam. E finalmente, um ponto crucial nos relatos é a dificuldade em parar. Muitos descrevem uma sensação de perda de controle, onde, mesmo conscientes dos danos que as apostas estão causando, sentem-se compelidos a continuar”, narra.

Essa compulsão pode ser alimentada por uma série de fatores, argumenta a psicóloga, incluindo a busca incessante pelo “grande prêmio” que resolverá todos os problemas, a sensação de adrenalina associada às apostas, e, muitas vezes, a necessidade de escapar de problemas emocionais ou da realidade cotidiana.

“Esses relatos são carregados de sofrimento, mas também são um passo importante rumo à recuperação. Reconhecer o problema e falar sobre ele é um ato de coragem e o primeiro passo para encontrar o apoio necessário”.

Antonieta orienta que ao se deparar com um amigo ou ente querido que enfrenta o vício nas apostas, o apoio de familiares e amigos é fundamental para sua recuperação. Além disso, abordar o assunto com empatia e sem julgamentos pode ser de grande ajuda.

“Ofereça um espaço seguro para que a pessoa possa falar sobre seus sentimentos e dificuldades. Incentive a busca por ajuda profissional, como terapeutas especializados em vícios, grupos de apoio, ou organizações que tratam do problema. Além disso, estabeleça limites claros em relação ao empréstimo de dinheiro e outros comportamentos que possam facilitar o vício. Seja paciente e compreensivo, lembrando que a recuperação é um processo contínuo e pode envolver recaídas. É fundamental que continuemos a acolher essas pessoas com empatia e encorajamento, oferecendo-lhes o suporte necessário para superar o vício”.

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